A s questões colocadas no texto " Juventudes, Gerações e Trabalho: é possível falar em Geração Y no Brasil? " (O&S, n. 62, 2012, seção Ideias em Debate) são mais do que pertinentes e instigantes para promover o debate sobre gerações no Brasil. Realmente, diferenças de classe social, nível educacional e tipo de profi ssão, entre outras levam pesquisadores ao questionamento sobre a validade da generalização que as refl exões sobre a Geração Y representam. Por outro lado, esse é um assunto cada vez mais latente que leva pais, professores e gestores a se questionarem so-bre a melhor maneira de lidar com jovens que, atualmente, parecem exibir reações diferentes das de gerações anteriores. Para ampliar o debate sobre esse assunto, é interessante levantar a seguinte questão, oposta à levantada no artigo em debate: É possível negar a existência da geração Y no Brasil? O olhar para além das controvérsias que envolvem a visão conceitual do debate sobre as gerações indica ser difícil negar o fato de que diferenças de idade, por si só, já provocam confl itos e comparações. Os mais velhos sentem-se incomodados e, em certa medida, ameaçados pelos mais novos que, por sua vez, precisam se mostrar sufi cientemente autênticos para negar os valores das gerações anteriores. Na esfe-ra familiar, as divergências são tratadas no ambiente doméstico, exceto em casos que extrapolam os limites da convivência privada. Porém, em ambientes coletivos e formais, como a empresa, por exemplo, os confl itos tomam outras dimensões, uma vez que pessoas socializadas de maneiras diferentes convivem no mesmo espaço. É nesse tipo de situação que divergências tornam-se explícitas e, entre elas, estão as provocadas pela diversidade promovida pela variação das opiniões, dos comporta-mentos, das maneiras de enxergar e executar o trabalho e da visão de mundo das diferentes gerações: Baby Boomers, Geração X e Geração Y. Diante da convivência atual entre essas três gerações no contexto empresarial, gestores dos mais diversos tipos de empresas manifestam preocupação com a entrada da Geração Y no mercado de trabalho e sua ascensão recente a cargos gerenciais. Mas, se pessoas mais velhas sempre conviveram com os mais novos, o que há de diferente nessa geração que tanto preocupa esses gestores? Trabalhos como o de Smola e Sutton (2002) e Veloso, Dutra e Nakata (2008) encontraram similaridades entre os X e os Y que difi cultam a distinção entre essas duas gerações. Entre as similaridades, estão a ambição por qualidade de vida, a necessida-de de horários fl exíveis e de independência, a visão crítica sobre vários aspectos do mundo corporativo, além do ceticismo em relação a ambientes de trabalho formais e opressores. Esses dois grupos, em vários aspectos, se diferenciam dos Baby Boomers que, de forma geral, são leais à empresa, mais cooperativos, participativos e otimistas quanto ao trabalho. Dessa forma, falar em três gerações no Brasil, por si só, já é um fator que implica riscos. Apesar dessas similaridades entre os X e Y, a Geração Y se destaca no ambiente de trabalho por algumas características particulares. Com o propósito de ajudar gestores a lidarem com os Y, alguns trabalhos de pesquisa foram empreendidos: Veloso, Dutra e Nakata (2008); Veloso et al. (2009); Veloso, Silva e Dutra (2011, 2012); Veloso et al. (2012). Esses trabalhos utilizaram a percepção dessa geração sobre o ambiente de trabalho, sempre em aspectos rela-cionados à carreira, e produziram resultados que são listados a seguir.
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Veloso, E. F. R. (2012). É possível negar a existência da geração Y no Brasil? Organizações & Sociedade, 19(63), 745–747. https://doi.org/10.1590/s1984-92302012000400011
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