ESTUDOS AVANÇADOS 16 (44), 2002 99 FOGO NA AMAZÔNIA brasileira é responsável pela emissão de grandes quantidades de gases de efeito estufa por vários processos distintos, in-cluindo a queimada de floresta nas áreas que estão sendo desmatadas pa-ra agricultura e pecuária, incêndios florestais e queimada de capoeiras, pasta-gens, e diferentes tipos de savanas. As queimadas que acompanham o desmatamento determinam as quanti-dades de gases emitidas não somente da parte da biomassa que queima, mas também da parte que não queima. Quando há uma queimada, além da liberação de gás carbônico (CO 2), são liberados também gases-traço como metano (CH 4), monóxido de carbono (CO) e nitroso de oxigênio (N 2 O). A parte da biomassa que não queima na queimada inicial, que é quente, com chamas, também será oxidada. Parte disto ocorre por processos de decomposição (com alguma emis-são de CH 4 pela madeira consumida por cupins) e parte pelas re-queimadas (queimadas das pastagens e capoeiras, que também consomem os remanescen-tes da floresta original ainda presentes nas áreas), queimadas estas de temperatu-ra reduzida, com formação de brasas e maiores emissões de gases-traço. As quantidades de gases de efeito estufa liberadas pelo desmatamento são significantes tanto em termos do impacto presente quanto do potencial para contribuição a longo prazo com a continuação do desmatamento da vasta área de florestas restante no Brasil. A forma em que são calculadas as emissões pode ter um grande efeito sobre o impacto atribuído ao desmatamento. As emissões líquidas comprometidas e o balanço anual de emissão líquida (ou, mais simples-mente, o "balanço anual") são dois índices importantes para expressar o impac-to do desmatamento sobre o efeito estufa. Emissões líquidas comprometidas representam a contribuição a longo prazo para transformar a cobertura florestal em uma nova paisagem, usando como base de comparação o mosaico de usos da terra, resultado de uma condição de equilíbrio criada por projeção das tendências atuais. Isto inclui emissões de de-composição e de requeimada dos troncos que não queimam quando a floresta é derrubada e queimada inicialmente (emissão comprometida), e absorção de car-Fogo e emissão de gases de efeito estufa dos ecossistemas florestais da Amazônia brasileira PHILIP M. FEARNSIDE O
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Fearnside, P. M. (2002). Fogo e emissão de gases de efeito estufa dos ecossistemas florestais da Amazônia brasileira. Estudos Avançados, 16(44), 99–123. https://doi.org/10.1590/s0103-40142002000100007
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