O texto que se segue foi escrito, sob a forma de homenagem e saudação, por ocasião da concessão do título de Professor Emérito à Professora Doutora Marlyse Meyer da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no dia 16 de abril de 2009. Imaginação e realidade; realidade e imaginário. Eis os territórios pelos quais transitaram a pesquisa e a obra de Marlyse Meyer. É tarefa difícil recensear seu percurso intelectual. Reconstruir perfis intelectuais demanda, a par de conhecimentos específicos, muitos dos quais nutridos em convivência pessoal com biografados, a descoberta de um fio condutor que permita alinhar cronologias e temporalidades históricas, sejam as de investigação, as de interesse por temas ou questões, ou ainda as de oportunidades de produção e edição de textos seguidas de suas publicações. Marlyse apresenta longas páginas estabelecendo conexões entre mudanças sociais e produção cultural. Mudanças operadas no mercado de jornais e livros, nos efeitos da industrialização e urbanização nos hábitos de consumo entre as classes sociais, na emergência de novas classes saídas do operariado fabril, nas conjunturas ora repressivas ora liberalizantes pelos quais passou a história política francesa parecem enredar a produção cultural. Fiel aos “objetos” a que se debruçou, sua extensa atividade de pesquisa se revela autêntica nos fragmentos, na dispersão, na descontinuidade, nos olhares através de labirintos e contracantos, na pluralidade das fontes originais de investigação a respeito das raízes de nossa cultura e de nossas tradições literárias.
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Adorno, S. (2023). Saudades do Brasil. O Público e o Privado, 21(44), 113–122. https://doi.org/10.52521/21.8420
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