Abstract
No Brasil, a relação entre a necessidade de superação dos problemas sociais, políticos e educacionais, gerados pela ditadura militar instaurada em 1964, e a busca de respostas didático-pedagógicas para os problemas da alfabetização e do analfabetismo encontrou sua síntese na teoria construtivista resultante das pesquisas de Emilia Ferreiro e por ela apresentada como “revolução conceitual” em alfabetização. Inicialmente, essa teoria se caracterizava como contra-hegemônica, no conjunto de ideias e práticas pedagógicas “de esquerda”, e seus disseminadores a apresentavam como promessa de superação dos problemas da a alfabetização das “classes populares” e dos “filhos do analfabetismo”. Nas últimas três décadas, porém, essa teoria se consolidou como hegemônica (e não apenas para a alfabetização e para a escola pública), tendo configurado um “construtivismo à brasileira”, fundador de uma nova tradição que identifica o “quarto momento crucial” (ainda em curso) da história da alfabetização no Brasil. E hoje se pode avaliar que a introdução e a consolidação do construtivismo como fundamento teórico de políticas educacionais contribuíram, como desserviço, para criar gerações de “órfãos do construtivismo”.
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MORTATTI, M. do R. L. (2016). Órfãos do construtivismo. Revista Ibero-Americana de Estudos Em Educação, 11(n.esp.4), 2267–2286. https://doi.org/10.21723/riaee.v11.n.esp4.9193
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