OBJETIVO: Descrever dois casos de distonia aguda após uso de bromoprida em crianças e realizar revisão da literatura em relação aos mecanismos fisiopatológicos de indução de liberação extrapiramidal, sua sintomatologia e tratamento. DESCRIÇÃO DO CASO: Caso 1: adolescente de 13 anos com quadro de dor e hipertonia cervical associados a febre, náuseas e vômitos, com hipótese inicial de meningite. A investigação subsequente revelou que o quadro iniciou-se após ingestão de uma única dose de bromoprida. O paciente apresentou boa resposta ao tratamento com difenidramina, sem necessidade de coleta de líquor. Caso 2: Lactente de seis meses que desenvolveu sintomas graves de liberação extrapiramidal relacionados à superdosagem de bromoprida, com reversão rápida dos sintomas após administração de biperideno. COMETÁRIOS: Este é o primeiro relato de distonia aguda após uso de bromoprida em crianças. Embora muito utilizada no Brasil como agente pró-cinético e antiemético, nenhum estudo clínico até o momento demonstrou melhor perfil de segurança da bromoprida em relação aos demais antieméticos antagonistas da dopamina. Até que tais estudos sejam realizados, sugere-se cautela na prescrição de bromoprida. Medidas não-farmacológicas devem ser recomendadas no tratamento de vômitos e da doença do refluxo gastresofágico. Quando o tratamento farmacológico for indispensável, deve-se dar preferência a drogas com perfil de segurança mais bem estabelecido.OBJECTIVE: To report the case of two patients with acute dystonia induced by bromopride in children, followed by a review of the mechanisms of induction of movement disorders by antidopaminergic anti-emetic drugs, its clinical symptoms and treatment. CASE DESCRIPTION: Case 1: a 13 years old teenager who developed acute hypertonia and neck pain associated to fever and vomiting, suggestive of meningitis. Further investigation revealed that symptoms were associated with the ingestion of a single dose of bromopride. The symptoms stopped after administration of diphenidramine, preventing a spinal tap. Case 2: six months old infant who developed extrapyramidal movement disorder related to bromopride overdose, with prompt resolution of symptoms after treatment with biperiden. COMMENTS: This seems to be the first report of acute dystonia after the use of bromopride in children. Although frequently used in Brazil as an anti-emetic and prokynetic agent, no clinical study has showed that bromopride has a better safety profile than other antidopaminergic anti-emetic drugs. While such studies are not available, caution is needed in the context of pediatric prescription of bromopride. Non pharmacological measures should be adopted in the management of vomiting and gastroesophageal reflux. If medical treatment cannot be avoided, one would rather use medications with a better established safety profile.
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Barreira, E. R., & Magaldi, R. B. (2009). Distonia aguda relacionada ao uso de bromoprida em pacientes pediátricos. Revista Paulista de Pediatria, 27(1), 110–114. https://doi.org/10.1590/s0103-05822009000100017
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