das novas tecnologias da informação e da co-municação em instrumentos pedagógicos que prescindem da co-presen-ça e questionam de um modo ainda não compreendido a relação tradi-cional entre professor-aluno; iii) pela tendência de transnacionalização do ensino superior (tomado como mercadoria como qualquer outra); e iv) pelo fato de os caminhos escolhidos para enfrentar a crise estarem pas-sando predominantemente, senão quase que exclusivamente, pelo enfren-tamento do seu aspecto institucional, que é o mais visível, porém o me-nos promissor para oferecer respostas às inúmeras e complexas questões que a crise envolve. Foi no processo de produção de respostas à crescente perda de capacidade de responder aos inúmeros-e muitas vezes contraditórios-objetivos que governo e sociedade vêm lhe atribuindo, que os agen-tes do interior da universidade e os demais atores políticos com ela en-volvidos já a reformaram sem fazer alarde, sob denúncia dos prejudicados, dos descontentes e dos segmentos sociais alertas contra os malefícios do pensamento único. No Brasil, falar de reforma universitária é não ter percebido que ela já ocorreu, tendo início com a implantação da nova Lei de Diretri-zes e Bases da Educação Nacional (LDB), prosseguindo com o veto aos itens do Plano Nacional de Educação que demandavam recursos adici-onais e consolidando-se pela completa modificação do sistema de ensi-no superior em razão do grande peso relativo do setor privado na oferta de vagas. Se ainda não chegou o momento de tentar ressuscitar a uni-versidade pública, é certo que já é chegada a hora de fazer algo para evitar seus últimos suspiros. Trata-se, pois, de encetar a contra-reforma universitária para re-verter os estragos já produzidos pela reforma universitária, que já pas-sou por vários aniversários, mas ainda não recebeu batismo nem certi-dão de nascimento, talvez porque seus pais não tenham tido a coragem de assumi-la publicamente. É, na verdade, sobre essa contra-reforma necessária que as luzes de Souza Santos se lançam com poder esclarecedor. Ele argumenta que é preciso lidar de frente com a dimensão da legitimidade da crise para produzir enfrentamentos eficazes contra ela. Foi-se o tempo em que a universidade se legitimava simplesmente por ser o local sagrado da pro-dução do conhecimento, pólo irradiador do avanço da razão, da verda-Rev88espec_06IMAG&PALAVR.pmd 9/11/2004, 16:58 1072
CITATION STYLE
Pires, V. (2004). A contra-reforma universitária: uma universidade diferente é possível... Educação & Sociedade, 25(88), 1071–1075. https://doi.org/10.1590/s0101-73302004000300020
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.