Esta contribuição insere-se num trabalho mais vasto que temos vindo a desenvolver desde 2014 sobre a pedra lascada do Zambujal, focalizado na caracterização petrográfica, nas estratégias de aquisição e na gestão dos recursos siliciosos. O povoado fortificado do Zambujal assume-se como um caso de estudo privilegiado na Estremadura portuguesa, pelo elevado número de artefactos de sílex recuperados associados a um contexto cronoestratigráfico, em particular pela quantidade de pontas de seta proporcionalmente às restantes categorias líticas. Esta questão, juntamente com o facto de terem sido recolhidas naquele local (entre a primeira e a segunda linhas de defesa), reveste-se de grande importância, sugerindo a possibilidade de terem ocorrido conflitos armados entre estas populações ao longo do Calcolítico (3º milénio BCE). Neste estudo propomos testar a hipótese da existência de evidências de guerra no Calcolítico com base numa análise funcional (cálculo do índice de penetração - Ipn) e petrográfica (identificação de microfácies, génese e locais de aprovisionamento das litologias) das pontas de seta recolhidas no interior da barbacã da fortificação. Em conclusão, estes novos resultados, a partir de “velhos” dados, são o ponto de partida para identificar as estratégias de abastecimento e as fases iniciais das cadeias operatórias das pontas de seta do Zambujal, reconhecendo a existência de complexas redes de circulação de bens no Calcolítico que incluem, provavelmente, estratégias de controlo regional e inter-regional, reflectindo relações de estabilidade ou instabilidade entre as comunidades pré-históricas.
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Jordão, P. P. (2017). Armas de guerra ou de caça? Funcionalidade e proveniência das pontas de seta do Zambujal (Torres Vedras, Portugal). Journal of Lithic Studies, 4(3), 103–125. https://doi.org/10.2218/jls.v4i3.1760
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