Este artigo traz uma reflexão sobre a pós-epidemia do vírus Zika por meio das narrativas de mães de crianças nascidas com más-formações neurológicas associadas ao vírus na Bahia. A partir de 11 entrevistas semiestruturadas com mães e pais cujos filhos fazem atendimento em um centro de referência estadual em reabilitação e em diálogo com teorizações contemporâneas de tempo e deficiência na antropologia cultural, propõe-se uma abordagem à temporalidade do Zika vírus e aos seus efeitos. São destacadas três falas, demostrando como a condição imprevisível dos filhos, junto com as precariedades que já vivenciam, fazem com que o futuro seja algo quase impossível de imaginar. Destaca-se que, diante de tamanha incerteza, as mães criam formas alternativas de pensar sobre, interagir com e valorizar a criança nos seus próprios termos. Sugere-se que a esperança pode incluir, paradoxalmente, “não esperar nada”.Este artículo presenta una reflexión sobre la post-epidemia del virus del Zika por medio de las narraciones de madres de niños nacidos con malformaciones neurológicas asociadas al virus en Bahia. A partir de once entrevistas semi-estructuradas con madres y padres cuyos hijos reciben atención en un centro de referencia del estado en rehabilitación y en diálogo con teorizaciones contemporáneas de tiempo y deficiencia en la antropología cultural, se propone un abordaje a la temporalidad del Zika y a sus efectos. Se destacan tres diálogos, demostrando cómo la condición imprevisible de los hijos, juntamente con las precariedades que ya viven, hacen que el futuro sea algo casi imposible de imaginar. Se subraya que, ante tanta incertidumbre, las madres crean formas alternativas de pensar sobre el niño e a interactuar con él en sus propios términos. Se sugiere que la esperanza puede incluir paradójicamente el “no esperar nada”.This article presents a reflection on the “afterlife” of the Zika virus epidemic, drawing on the narratives of mothers of children born with neurological malformations associated with the virus in Bahia. Based on eleven semi-structured interviews with mothers and fathers whose children are attended in a state rehabilitation center, and in dialogue with contemporary theorizations of time and disability in cultural anthropology, it proposes an approach to the temporality of Zika and its effects. Three narratives are highlighted, showing how their children’s unpredictable condition, together with the precarities they already experience, make the future almost impossible to imagine. In the face of so much uncertainty, mothers create alternative forms of thinking about, interacting with, and appreciating the child in her or his own terms. This article suggests that hope may include, paradoxically, “expecting nothing”.
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Williamson, K. E. (2018). Cuidado nos tempos de Zika: notas da pós-epidemia em Salvador (Bahia), Brasil. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 22(66), 685–696. https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0856
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