Resumo O presente trabalho é parte de pesquisa mais ampla sobre experiências de pais e mães acerca do parto, a partir de um estudo de caso coletivo no qual foram analisados 30 relatos de parto, publicados em blogs pessoais sobre experiências de gestação, parto e parentalidade, dos quais 15 foram escritos por mulheres e 15, por homens. O objetivo deste estudo foi investigar a experiência denominada violência obstétrica no relato de mães. Assim, nele foram analisados os relatos de cinco mulheres, as únicas que fizeram referência a tal fenômeno. Os resultados apontaram para a falta de suporte do ambiente como um fator constitutivo da experiência de violência obstétrica, e para a escrita dos relatos como recurso de elaboração dessa experiência traumática. Concluímos que procedimentos médicos como a episiotomia, a anestesia e a cesariana, quando realizados de forma rotineira, sem compartilhamento de decisões e sem amparo psíquico, constituem formas de ritualização para manter inconsciente a representação sexual do parto. Tais formas de ritualização conduzem à iatrogenia no parto, causando prejuízos psíquicos à saúde materno-infantil.Resumen El presente trabajo es parte de una investigación más amplia sobre las experiencias de padres y madres acerca del parto, tomando como punto de partida un estudio de caso colectivo, en el cual se analizaron 30 relatos de partos, publicados en blogs personales sobre experiencias de la gestación, el parto y la parentalidad, siendo 15 escritos por mujeres y 15 por hombres. El objetivo específico de este estudio fue investigar la experiencia de la llamada “violencia obstétrica” en el relato de madres. Para ello, se analizaron los relatos de cinco mujeres, las únicas que hicieron referencia a tal fenómeno. Los resultados apuntan a una falta de soporte del ambiente como un factor de la experiencia de violencia obstétrica y motivador para la escrita de los relatos. Se concluye que los procedimientos médicos como la episiotomía, la anestesia y la cesárea, cuando realizados de forma rutinera sin el intercambio de decisiones y el amparo psíquico, constituyen una forma de ritualización para mantener inconsciente la representación sexual del parto. Tal forma de ritualización implica la iatrogenia en el parto, causando daños psíquicos a la salud materno-infantil.Abstract This paper is part of a broader research on parents’ experiences of childbirth conducted by means of a collective case study that analyzed 30 childbirth reports - 15 written by women and 15 by men - published in personal blogs about gestation, childbirth, and parenthood experiences. This study aimed to investigate the experience of the so-called “obstetric violence” based on the reports of five mothers - the only ones whose reports referred to this phenomenon. The results show that the lack of support is a constitutive factor of the experience of obstetric violence, and that mothers dwelled on writing reports as a means to elaborate this traumatic experience. When routinely performed and without shared decision-making or psychological support, medical procedures such as episiotomy, anesthesia, and cesarean section represent a form of ritualization to keep the sexual representation of childbirth unconscious. Such ritualization leads to iatrogenesis in childbirth, harming the mother-child mental health.
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Matos, M. G. de, Magalhães, A. S., & Féres-Carneiro, T. (2021). Violência Obstétrica e Trauma no Parto: O Relato das Mães. Psicologia: Ciência e Profissão, 41. https://doi.org/10.1590/1982-3703003219616
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