Resumo Este trabalho se volta às experiências de famílias de crianças que vivem conflitos identitários com as normas de gênero, analisando o caso etnográfico de uma família das camadas médias de Pernambuco no curso de processos de medicalização em torno do diagnóstico de Disforia de Gênero na Infância. O objetivo é refletir sobre as condições sociais e culturais em que explicações e práticas das ciências médico-psi se tornam uma alternativa para reorganizar as relações familiares em torno do conflito vivido pela criança. Exploro, por um lado, a dimensão dos valores de família e infância mobilizados nos conflitos e dilemas da interlocutora e seu filho e, por outro, as práticas de tutela familiar e médica sobre crianças e sobre experiências e identificações de gênero em conflito com as normas sociais.Abstract This is an analysis of the experiences of families with children who have identity conflicts with gender rules, looking specifically to one ethnographic case concerning a middleclass family from Pernambuco that undergoes a process of medicalization through a diagnostic of Gender Dysphoria in Children. The objective is to understand the social and cultural conditions in which medical and psychological explanations and practices become an alternative to reorganize family relations around the conflict experienced by the child. I explore the dimension of family and childhood values mobilized in the dilemmas and conflicts experienced by the interlocutors, as well as the practices of family and medical control of children and experiences of gender identification that conflict with the social norms.
CITATION STYLE
Costa Novo, A. L. (2021). “Mãe, Maria nunca existiu! Me chama de João?” Uma análise etnográfica das relações de família e medicalização nas experiências de “crianças trans.” Horizontes Antropológicos, 27(60), 317–349. https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200011
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.