Introdução A população idosa brasileira tem crescido muito rapida-mente, passando de três milhões em 1960 para 18 milhões em 2005 1,2 . Estima-se que alcançará 32 milhões em 2020, o que colocará o Brasil na sexta posição mundial em população idosa 2 . Esse envelhecimento gera aumento por demanda diferenciada de serviços de saúde e de cuidado. A elevada prevalência de doenças crônico-degenerativas é uma de suas consequências, que favorece a exposição da população idosa ao uso de múltiplos medicamentos e a efeitos adversos decorrentes desse uso 3,4,5 . A polifarmácia pode propiciar o aumento do uso de medi-camentos inadequados, induzindo à subutilização de medica-mentos essenciais para o adequado controle de condições preva-lentes nos idosos. Além disso, se configura em uma barreira para a adesão aos tratamentos, na medida em que torna complexos os esquemas terapêuticos, e possibilita a ocorrência de interações medicamentosas e reações adversas 5 . Devido ao envelheci-mento, os idosos possuem um risco aumentado de ocorrência de reações adversas 6 e consequente abandono do tratamento. Considerando que a maioria da população com mais de 65 anos faz uso de pelo menos um medicamento prescrito, a Resumo objetIvo. Analisar fatores associados à complexidade do esquema terapêutico em prescrições de medicamentos para idosos, em Belo Horizonte (MG). Métodos. Inquérito domiciliar, com idosos selecionados por amostragem aleatória simples, a partir do cadastro do INSS. O Índice de Complexidade Terapêutica (ICT), medida direta das ações necessárias para administrar o medicamento, foi obtido de informações contidas na última prescrição. Foram realizadas análises univariada e bivariada dos dados para identificar fatores associados ao ICT. resultados. Dos 667 entrevistados, 56,5% apresentaram prescrição que atendia aos critérios de inclusão. A maioria (69,2%) era do sexo feminino com idade média de 72,4 anos. 35,5% conside-ravam seu estado de saúde bom ou muito bom e 37,4% relataram cinco ou mais doenças. Nos 15 dias anteriores à entrevista, foram utilizados 1873 medicamentos (média=5,1), desses, 942 cons-tavam nas prescrições analisadas (média=2,5). Para o mesmo período, 22,3% dos entrevistados deixaram de usar algum medicamento prescrito. O ICT encontrado variou de 1 a 24 (média=6,1). Número de medicamentos prescritos (>2), menor escolaridade, pior percepção de saúde e menor valor do benefício recebido foram associados positivamente à maior complexidade (p<0,05). Observou-se associação entre maior complexidade do regime e não uso de algum medicamento nos últimos 15 dias (p=0,034). ConClusão. Idosos com piores condições socioeconômicas e de saúde parecem mais propensos a receber esquemas terapêuticos mais complexos. Terapias mais complexas estão associadas ao menor cumprimento do tratamento proposto, sendo um importante aspecto a se considerar na atenção à saúde do idoso. A simplificação da terapia pode melhorar o autocuidado entre idosos. Unitermos: Idoso. Farmacoepidemiologia. Prescrição de medicamentos. Avaliação de medicamentos.
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Acurcio, F. de A., Silva, A. L. da, Ribeiro, A. Q., Rocha, N. P., SilveIra, M. R., Klein, C. H., & Rozenfeld, S. (2009). Complexidade do regime terapêutico prescrito para idosos. Revista Da Associação Médica Brasileira, 55(4), 468–474. https://doi.org/10.1590/s0104-42302009000400025
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