Considerações epistemológicas sobre a semiótica greimasiana

  • Sobral A
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Resumo: Este trabalho pretende fazer uma breve análise epistemológica do "projeto científico" de Greimas a partir do percurso que vai de sua "aparência" à sua "imanência", ou seja, ao modus operandi de sua semiótica, com o objetivo último de verificar a produtividade da alternativa greimasiana de apreensão dos processos de produção de sentido. Com esse fim, descreve de que maneira Greimas articulou os dois pilares de suas teorias, uma teoria linguística que tem em Hjelmslev uma de suas bases e uma teoria filosófica que se baseia numa leitura específica da fenomenologia de Husserl por meio da reinterpretação que esta recebe de Merleau-Ponty. A partir da definição do método científico da semiótica greimasiana e da exploração das relações entre Hjelmslev e a fenomenologia husserliana, examina algumas relações específicas entre Hjelmslev e Husserl estabelecidas por Greimas, chegando assim às bases da proposição da semiótica greimasiana mediante a consideração de seu discurso fundador e de outras obras que lhe serviram de apoio no desenvolvimento de sua teoria. Por fim, explicita alguns outros momentos relevantes do percurso de Greimas, a fim de demonstrar que certas alterações por que passou seu projeto não alteraram a "fidelidade" aos princípios primeiros e, retomando os vários elementos arrolados, fazer uma avaliação da semiótica greimasiana de uma perspectiva discursiva. Palavras-chave: epistemologia, fenomenologia, Hjelmslev Introdução Os homens se compreendem não porque façam uso de signos indicativos de objetos, [...] mas porque eles tocam a mesma corda do seu instrumento espiritual, o que desencadeia em cada um dos interlocutores conceitos que se correspondem sem ser exatamente os mesmos. (Humboldt) A verdade é objeto de comunicação. (Greimas) As epígrafes acima, de Humboldt e Greimas, resu-mem bem, de um lado, o paradoxo da linguagem e do discurso enquanto fenômenos do mundo humano, e, do outro, a dificuldade inerente à tarefa de conside-rar a semiótica do ponto de vista epistemológico e, ao mesmo tempo, a enorme tentação de fazê-lo. Essa ten-tação advém do fato de a semiótica-por sua própria natureza de projeto com (rigorosa) vocação científica, em constante fazer-se-envolver em seu desenvolvi-mento um agir essencialmente epistemológico, o que não a impediu nem impede de ser metodologicamente produtiva. Os elementos da afirmação de Humboldt indicam ser necessário identificar, em meio aos "signos" que não indicam objetos, conceitos que, embora não sejam os mesmos para todos os interlocutores, se correspon-dam. Em outras palavras, se não há ligação entre signo e referente, nem uma identidade estável de cada conceito com sua própria significação, a "corda" do espírito de cada vivente, ao ser tocada, percebe os "signos" de acordo com as distintas impressões desen-cadeadas! Logo, formar-se-iam diferentes verdades nos espíritos, verdades que poderiam então se fazer presentes numa relação de comunicação entre sujeitos. Nos termos da frase de Humboldt, tudo dependeria, por conseguinte, da ação humana de tocar "a mesma corda". O próprio objeto natural, nesse sentido, só

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Sobral, A. (2009). Considerações epistemológicas sobre a semiótica greimasiana. Estudos Semióticos, 5(1), 63. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49234

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