Química mineral de micas do maciço granítico Serra Branca, Goiás: processos de alteração hidrotermal como modificadores do reequilíbrio cristaloquímico

Abstract

Resumo No Maciço Granítico da Serra Branca (MGSB), localizado na porção Norte do Estado de Goiás, ocorrem quatro fácies petrográficas, identificadas em função da intensidade dos processos hidrotermais responsáveis pela formação de greisens e de mineralização de cassiterita. São eles: a) granito rosa a cinza (g1a), inequigranular, porfiróide médio a grosso; aflorando na porção ocidental do maciço; b) granito cinza a róseo (g1b), inequigranular médio a grosso; c) granito cinza (g1c) inequigranular, médio a grosso e d) granito cinza (g1d) inequigranular, médio, ocorrendo na porção oriental do maciço. Ocorrem, ainda, greisens apicais e filões micáceos. As fácies graníticas são formadas por diferentes porcentagens de quartzo, biotita, mica branca, microclínio pertítico e albita, onde as porcentagens variam em função da intensidade da alteração hidrotermal. Os minerais acessórios são zircão, apatita, allanita, monazita e opacos (ilmenita). Os processos hidrotermais observados são albitização, greisenização e microclinização. Os greisens são compostos por quartzo e mica branca; ocorrem, ainda, em porcentagens variadas, topázio, fluorita, cassiterita, berilo, monazita, scheelita, grafita, esfalerita, zoisita, zircão, apatita, fenacita e opacos. A biotita é a única fase mineral ferromagnesiana presente no MGSB e não apresenta grandes disparidades químicas, projetando-se no domínio da composição da biotita associada à muscovita. Possui Al em posição octaédrica e é classificada como aluminosa. As fácies graníticas do MGSB contêm muscovita em quantidade e hábitos variáveis. Três tipos ou grupos petrográficos de micas brancas foram definidos: a) dos granitos (g1a), (g1b) e (g1c); b) do granito (g1d); e c) dos greisens e filões micáceos. As variações geoquímicas não são importantes e, assim como para a biotita, são mais marcantes no interior de um mesmo grupo do que entre as diferentes fácies observadas. Globalmente, as micas brancas são ferríferas, fracamente magnesianas e titaníferas, medianamente fluoretadas (F varia de 0,3 a 2,7% em peso) e não litiníferas. A substituição fengítica (celadonítica) nas micas brancas do MGSB exprime-se de maneiras distintas: a) em porcentagens de celadonita pelo excesso de sílica em posição tetraédrica; b) visualizada no diagrama Si + M 2+ versus Al total (Al VI + Al IV); c) estimada no diagrama Al VI + Al IV / Fe t (a.f.u.), que representa a parte do Fe na substituição fengítica. A substituição paragonítica encontra-se entre 2 e 5%. Em nenhuma das fácies graníticas, greisens ou filões micáceos associados ao MGSB foi identificada muscovita magmática. Abstract Mineral chemistry of micas from the Serra Branca granitic massif-Goiás State-Brazil: hydrothermal alteration processes as modifiers of the crystalochemical reequilibrium. In the Serra Branca Granite (SBG) at Goiás State, Brazil, four petrographic facies are described according to the intensity of postmagmatic process forming greisen and cassiterite mineralization: a) pink to grey porphyroid granite (g1a); b) grey to pinkish, medium to coarse-grained inequigranular granite (g1b); c) grey, medium to coarse-grained inequigranular granite (g1c) and d) grey medium-grained inequigranular granite (g1d). Apical greisens and micaceous veins occur. The mineralogy includes quartz, biotite, white mica, perthitic microcline and albite. The acessory are zircon, apatite, allanite, monazite and opaques (ilmenite). Albitization, greisenization and microclinization are the postmagmatic phenomena. The greisens are composed of quartz and white mica; topaz, fluorite, cassiterite, beryl, monazite, scheelite, graphite, sphalerite, zoisite, zircon, apatite, phenakite and opaques. The biotite is the only ferromagnesian phase and is classified in the domain of biotite associated with muscovite. Muscovite occurs in varying quantities: as dominant or as the only mineral in the rock. Three types are defined: a) of (g1)a, (g1b) and (g1c) granites; b) of (g1d) granites; and c) of greisens and micaceous veins. The white micas are ferriferous, slightly magnesians and titaniferous, fluorous in median and not containing lithium. The phengitic (celadonitic) substitution is represented in a) percentages of celadonite due the excess of silica in tetrahedric position; b) Si + M² versus total Al diagram (Al VI + Al IV); c) Al VI + Al IV / Fe t diagram (a.f.u.). The paragonitic substitution is between 2 and 5%. In the illitic substitution a decrease of interlayered cations is accompanied with the growth of tetrahedric Si.