A questão da pesquisa básica versus pesquisa aplicada ou pesquisa acadêmica versus pesquisa tecnológica não é nova e certamente não se esgotará agora. Ela envolve o governo de uma nação, o dinheiro dos contribuintes e as prioridades que a administração no po-der procura dar à sua atuação. A questão tem se repetido ciclicamente, de modo que os resultados começam a ser previsíveis. Em 1966, coube ao presidente Lyndon Johnson disparar agudas farpas contra a ciência básica: "Presidents need to show more interest in what the specific results of research are-in their lifetime, and in their administration. A great deal of basic research has been done... but I think the time has come to zero in on the targets by trying to get our knowledge fully applied" (apud J. H. Conroe Jr., 1976). O resultado para os Estados Unidos foi uma década relativamente pobre em avanços científicos e tecnológicos. Os norte-americanos cari-nhosamente costumam chamá-la de o tempo em que o foco de luz moveu-se do skylab para o backyard. Eia coincide, ou melhor, foi cau-sada por uma média de investimentos de 2,2% do PIB/ano. Ela con-trasta com um período extremamente florescente que foi o dos anos 60 (em média 2,8% do PIB aplicados em P & D), que alguns chamaram de efeito Sputnik, já que o lançamento do satélite soviético trouxe consigo uma forte competitividade, com investimentos altos em ciência básica e que não deixaram de ter retorno apreciável na parte aplicada. Na área da saúde contam-se, por exemplo, como retornos: produção de vacina de pólio, cirurgia com parada cardíaca, troca de válvulas cardíacas, hemo-diálise renal, transplante renal, tratamento da hipertensão, etc. Foi necessário outro desafio, no caso representado pelo Japão e Alemanha, para que os Estados Unidos reconhecessem, ao que parece de modo definitivo, que liderança econômica e competitividade industrial estão ligadas à pesquisa e ao desenvolvimento (retorno dos inves-timentos a patamares de 2,7% do PIB, na década de 80). A ciência básica é vital para a prosperidade, quer econômica quer social e deve ser cultivada não apenas pela glória do intelecto ou para manter a liderança no campo armamentista. Aliás, na verdade, parece que, na questão armamentista, a pesquisa
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Lopes, O. U. (1991). Pesquisa básica versus pesquisa aplicada. Estudos Avançados, 5(13), 219–221. https://doi.org/10.1590/s0103-40141991000300015
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