Neste artigo procurar-se-á, em primeiro lugar, esboçar o quadro em que se pode colocar a questão do multiculturalismo a partir de três fenómenos que o contextualizam na actualidade: a erosão do Estado-Nação, a Globalização e a Sociedade-Rede. Num segundo momento serão analisadas as dificuldades inerentes à caracterização do multiculturalismo e, num terceiro momento, procurar-se-á tematizar, em sede epistemológica, a questão do multiculturalismo, num debate sobre incomensurabilidade versus possibilidade de diálogo entre as diversas interpretações de mundo próprias de diferentes visões culturais. Finalmente, partindo da constatação do carácter redutor da epistemologização exagerada da problemática do multiculturalismo, inflectir-se-á o seu equacionamento para outras vertentes, como a vertente da identidade cruzada com a vertente da afectividade, aprofundando o conceito de mestiçagem, como sinónimo de identidade múltipla e compósita e como exercício de um diálogo intercultural que poderá encontrar na actividade artística um modelo fecundo de concretização.
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André, J. M. (2009). Interpretações do mundo e multiculturalismo: Incomensurabilidade e diálogo entre culturas. Revista Filosófica de Coimbra, 18(35), 7–41. https://doi.org/10.14195/0872-0851_35_1
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