Resumo Este artigo resulta de pesquisa que investiga como a raça e o racismo afetam a prática dos psicólogos. A partir de uma leitura histórica da construção do que é ser negro no Brasil, discute-se as formas como a Psicologia pode contribuir para o enfrentamento do sofrimento causado pelo racismo. Apoiada na psicanálise e, mais especificamente, no conceito de alianças inconscientes, tal como formulado por René Kaës, investiga-se como profissionais no campo da clínica psicológica identificam (ou não) problemas relacionados ao racismo ao analisar como atuam diante dessa problemática. As entrevistas abertas, baseadas nos pressupostos de Bleger, foram realizadas com três profissionais que atuam com dispositivos clínicos em serviços públicos e privados na região metropolitana de São Paulo. A partir dos registros, discutiu-se como o racismo é transmitido entre as gerações e como opera na clínica. Identificou-se que o sofrimento se expressa por experiências de incerteza ligadas ao corpo, ao desejo, à capacidade profissional em situações que se relacionam com a discriminação, o preconceito e a inferioridade. Observou-se a ambiguidade na diferenciação entre racismo e outros tipos de preconceitos sociais e se destaca o valor da apropriação histórica para que os fenômenos raciais possam ser compreendidos e superados. Este estudo conclui que a atuação da Psicologia se faz necessária de maneira política e social.Abstract This article is the result of a research that investigates how race and racism affect the practice of psychologists. From a historical interpretation of the construction of what means to be a black person in Brazil, we discuss how Psychology can contribute against the suffering caused by racism. Supported by psychoanalysis and, more specifically, the concept of unconscious alliances as formulated by René Kaës, we investigate how professionals of clinical psychology identify (or not) problems related to racism, analyzing how they act when facing this problem. Open interviews based on Bleger’s assumptions were conducted with three professionals who work with clinical devices in public and private services in the metropolitan region of São Paulo. The records were used to discuss how racism is transmitted between generations and how it operates in the clinic, and how suffering is expressed by experiences of uncertainty related to the body, desire and professional ability in situations that refer to discrimination, prejudice and inferiority. There is ambiguity in the differentiation between racism and other types of social prejudice, and the value of historical appropriation is emphasized so that racial phenomena can be understood and overcome. This study concludes that the performance of Psychology is necessary politically and socially.Resumen Este artículo es el resultado de una investigación que trata cómo la raza y el racismo afectan la práctica de los psicólogos. A partir de una lectura histórica de la construcción de lo que es ser negro en Brasil, discutimos las formas en que la psicología puede contribuir a enfrentar el sufrimiento causado por el racismo. Con el apoyo del psicoanálisis, más específicamente, en el concepto de alianzas inconscientes formulado por René Kaës, investigamos cómo los profesionales en el campo de la clínica psicológica identifican (o no) problemas relacionados con el racismo, analizando cómo actúan frente a ese problema. Las entrevistas abiertas, basadas en los supuestos de Bleger, se realizaron con tres profesionales que trabajan con dispositivos clínicos en servicios públicos y privados en la región metropolitana de São Paulo. De los registros se discutió cómo se transmite el racismo entre generaciones y cómo funciona en la clínica. Se identificó que el sufrimiento se expresa por experiencias de incertidumbre relacionadas con el cuerpo, el deseo, la capacidad profesional en situaciones que se refieren a discriminación, prejuicio e inferioridad. Hay ambigüedad en la diferenciación entre el racismo y otros tipos de prejuicios sociales y se resalta el valor de la apropiación histórica para que los fenómenos raciales puedan ser entendidos y superados. Este estudio concluye que el desempeño de la psicología es necesario política y socialmente.
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Benedito, M. de S., & Fernandes, M. I. A. (2020). Psicologia e Racismo: as Heranças da Clínica Psicológica. Psicologia: Ciência e Profissão, 40(spe). https://doi.org/10.1590/1982-3703003229997
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