Ao compreender que a área do património cultural se constitui como um espaço social de disputa política, económica e simbólica, este artigo pretende identificar e refletir de que forma a diversidade cultural e as memórias coletivas das comunidades do Vale do Gramame (Estado de Paraíba, Brasil), são representadas na narrativa expositiva do Museu Comunitário da Escola Viva Olho do Tempo. O debate leva em consideração as discussões já travadas por autores que tratam o património cultural como categoria do pensamento, bem como questões apontadas por Stuart Hall a respeito da construção das identidades culturais na modernidade, a constituição da memória como um elemento social, a partir de Maurice Halbwachs e Paul Ricouer, e as relações de força que envolvem a conceção de capital simbólico proposto por Pierre Bourdieu. Além da pesquisa teórica, o trabalho pautou-se pela observação participante durante o trabalho de campo, ocorrido entre 2014 e 2015. Como resultado, propõe-se que os museus são espaços constituídos de poder e de empoderamento. Em função disso, novos sujeitos e grupos sociais, como as comunidades do Vale do Gramame, comummente não representadas ou silenciadas nesses espaços, estão a apropriar-se dos museus para que incluam as suas memórias e identidades.
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Tolentino, A. B. (2016). Património cultural e discursos museológicos: narrativas de memórias e identidades locais. Midas, (6). https://doi.org/10.4000/midas.1012
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