Este artigo trata da toponímia kiïsêdjê (povo indígena de língua jê também conhecido como Suyá) por meio da suspensão de duas assunções: a de que os lugares sejam produtos de processos, seja de construção, seja de representação; e a de que nomeá-los seja um modo dessa construção. O que tento mostrar é que os lugares a que se referem os topônimos são constituídos a partir de relações, que se poderia dizer intersubjetivas ou interpessoais, entre humanos e não humanos, e entre humanos eles próprios; e que nomear os lugares é um tipo de ação ou atividade que participa dessa constituição. Nomear os lugares, assim como narrar as histórias que se conectam a eles e a seus nomes, constitui relações entre pessoas (humanas e não humanas) com respeito a outras pessoas (idem), e é esta teia viva de relacionamentos que faz um lugar (enquanto um objeto de atenção para os sujeitos). Como acredito que terminologias de relacionamento e onomásticas façam, entre outras coisas, o mesmo (constituir pessoas como objetos da atenção de outras a partir de suas mútuas relações), é o interesse em explorar essa analogia que o título do artigo vem sinalizar.
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Coelho de Souza, M. S. (2018). A VIDA DOS LUGARES ENTRE OS KÏSÊDJÊ: TOPONÍMIA COMO TERMINOLOGIA DE RELAÇÃO. Espaço Ameríndio, 12(1), 9. https://doi.org/10.22456/1982-6524.75131
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