Em situações de catástrofes ou tragédias de grandes proporções, como foi o caso do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em Mariana - MG, as vozes das vítimas – pessoas agora despossuídas de tudo ou de praticamente tudo – ganham destaque, dividindo o espaço midiático com a fala das autoridades e dos especialistas. Articulando essa questão com a noção de aforização, proposta por Maingueneau (2012), nosso objetivo é analisar o caderno especial do jornal Estado de Minas (05/12/2015), intitulado: “Vozes de Mariana: a dor em primeira pessoa” para verificar como se constroem as aforizações secundárias (ou seja, aquelas que são destacadas de um texto sob a forma de citações, títulos, intertítulos e/ou legendas de foto), que têm como locutores/aforizadores as vítimas da referida tragédia. Para tanto, articularemos a Análise do Discurso francesa com contribuições da Semântica Argumentativa (ver, por exemplo, DUCROT, 1987; KOCH, 1992), de modo a apreender, nas aforizações examinadas, “marcas” linguísticas, como a seleção vocabular, os modalizadores, os marcadores de pressuposição, entre outras, que nos permitam reconstruir os sentimentos (a “dor”) manifestados por essas “vozes anônimas” diante da tragédia. Assumimos, assim, a influência fundamental que as mídias exercem na construção da opinião pública, na medida em que, ao destacar ou silenciar determinadas vozes, elas vão (con)formando imagens dos eventos noticiados e dos atores que deles participam.
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Lara, G. M. P. (2017). A tragédia de MARIANA (MG): aforizações, mídias e argumentação. Signo, 42(73), 65. https://doi.org/10.17058/signo.v42i73.7853
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