Tomando como recorte de análise os anos de vigência do I Plano Nacional de Pós-Graduação (1975-1979), este artigo examina a institucionalização do tipo de historiografia que até hoje é chancelada como profissional. A hipótese apresentada sugere que nesse período havia uma forte tendência de engajamento dos intelectuais nas agendas abertas pela redemocratização. Esse clima geral de engajamento levou os historiadores a tematizarem aquilo que já na época ficou conhecido como “novo sindicalismo”, o que trouxe os trabalhadores rurais e urbanos para o primeiro plano dos interesses da historiografia acadêmica. A inflexão empírica característica dos ventos teóricos neo-historicistas que sopravam à época inspirou os historiadores a produzirem, prioritariamente, estudos de caso com objetos rigidamente recortados. A institucionalização acadêmica dessa inflexão empírica interditou o estilo ensaístico, o exercício da síntese e a diacronia de média e longa duração, dificultando a afirmação no debate público da hHistória como uma ciência social aplicada, o que explica a quase total ausência dos historiadores nas instituições que estavam mediando o ativismo político direto dos intelectuais. O principal aspecto da reflexão desenvolvida neste artigo é a tensão complementar entre um intenso engajamento historiográfico e um tímido engajamento político direto no ofício dos historiadores brasileiros durante os primeiros anos da redemocratização no país.
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Oliveira, R. P. (2018). O engajamento político e historiográfico no ofício dos historiadores brasileiros: uma reflexão sobre a fundação da historiografia brasileira contemporânea (1975-1979). História Da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, 11(26). https://doi.org/10.15848/hh.v0i26.1314
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