Justificativa e Objetivos: Neurocriptococose é uma doença fúngica que acomete principalmente pacientes imunocomprometidos. Casos em pacientes imunocompetentes têm sido descritos em alguns relatos de casos; no entanto, por não ser uma doença de notificação compulsória no Brasil até 2020, ainda pouco se sabe sobre sua epidemiologia no sul do país. O presente estudo teve como objetivo descrever aspectos epidemiológicos relacionados à doença em pacientes supostamente imunocompetentes. Métodos: Estudo retrospectivo, observacional, baseado em uma série de casos atendidos entre 2018 e 2019, em um hospital público de Joinville, Santa Catarina, Brasil. Pacientes com diagnóstico clínico confirmado pela presença do fungo do gênero Cryptococcus spp. no líquido cefalorraquidiano pelo método tinta da China foram avaliados quanto aos aspectos clínicos, tratamento e complicações durante o período de internação. Resultados: Houve dois pacientes em 2018 e seis pacientes em 2019 com diagnóstico confirmado. Todos sem fatores aparentes para imunocomprometimento e sem fator de risco ambiental evidente. A maioria eram homens com média de idade de 39 anos. Febre e confusão mental foram os achados mais comuns na apresentação. A variante C. neoformans foi encontrada em 75% dos casos. Todos receberam Anfotericina B, no mínimo, durante 13 dias, associado ou não a Fluconazol. Seis pacientes apresentaram nefrotoxicidade pela Anfotericina B, dois evoluíram para óbito intra-hospitalar e dois permaneceram com sequelas neurológicas. Conclusão: A mortalidade e as complicações relacionadas ao tratamento da neurocriptococose em pessoas imunocompetentes foram altas na amostra estudada. A recente inclusão da doença como uma patologia de notificação compulsória poderá aprimorar dados epidemiológicos para o melhor entendimento e a prevenção dessa doença.
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Rudnik, C. R. B., Alves, J. F., Merlos, P. G. C., & Lima, H. D. N. (2020). Achados Epidemiológicos de Neurocriptococose em Pacientes Imunocompetentes: Relato de Casos de um Hospital Público de Joinville, Brasil. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, 10(3). https://doi.org/10.17058/jeic.v10i3.15283