Neste artigo, partindo da compreensão de que a tecnologia incorpora valores sociais e, nisso, conforma a sociedade em que é utilizada, será analisado parte do pré-requisito epistemológico da engenharia popular (EP). Com efeito, uma vez que toda solução técnica demanda conhecimentos produzidos pela ciência e pela engenharia, desenvolver soluções populares depende também da existência de conhecimentos capazes de subsidiá-la. Estaremos particularmente interessados em uma categoria específica de conhecimento engenheiril (ou produzido pela engenharia) necessária para o projeto técnico. Aquela que Walter Vincenti chama de instrumentalidades do projeto, e que, por encerrar elementos que a engenharia tem em comum com a arte, naquilo que os gregos chamavam de poiesis, será por nós chamada de arte da engenharia. O que se buscará fundamentar nesta reflexão de matiz filosófica é que, sem uma atenção adequada às ponderações aqui desenvolvidas, a EP corre o risco de perder parte do seu potencial popular e transformador, e mesmo de trair a parte de seus ideais.
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Cruz, C. C. (2018). Desafios epistemológicos da engenharia popular: o impacto da “arte da engenharia” no projeto técnico. Revista Tecnologia e Sociedade, 14(32). https://doi.org/10.3895/rts.v14n32.7488
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