As masculinidades são fenômenos plurais, construídos socialmente. Para que sejam analisadas integralmente, precisamos examinar as relações estabelecidas entre suas diferentes configurações. A masculinidade hegemônica, por exemplo, é aquela que ocupaum lugar de dominação e se estabelece a partir de uma relação de desigualdade com os demais modelos de masculinidade, especialmente a masculinidade subordinada. Estudos têm demonstrado que esse modelo dominante pode estar relacionado a comportamentos danosos por parte dos homens, seja em relação às mulheres ou em relação a outros homens que ocupam um lugar inferior na hierarquia de masculinidades. A Análise do Comportamento (AC) pode contribuir com a elaboração de estratégias para modificar essa problemática, uma vez que tem demonstrado eficiência no manejo de fenômenos socialmente relevantes. Assim, objetivamos neste artigo examinar as masculinidades à luz do Comportamentalismo Radical,bem como tecer algumas reflexões sobre a prática clínica de analistas do comportamento no atendimento a homens e a competência desta na transformação de práticas de masculinidades potencialmente danosas. As masculinidades podem ser consideradas práticas culturais e devem ser contempladas na construção de análises funcionais, tornando-as mais completase contribuindo com a previsão e controle dos comportamentos afetados por tais práticas. Ademais, a intervenção psicoterapêutica também pode se constituir como instrumento de mudança cultural, promovendo práticas de masculinidade menos danosas.
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Kuch, I. E., & Dittrich, A. (2023). As masculinidades como variáveis relevantes para analistas do comportamento: Reflexões teóricas e práticas. Perspectivas Em Análise Do Comportamento, 154–169. https://doi.org/10.18761/vecc291122a