A crise financeira iniciada no contexto americano há uma década, ocorrida em paralelo com a digitalização da economia e do trabalho, intensificou a precariedade laboral, colocando desafios acrescidos à representação política e coletiva da classe trabalhadora. Na Europa, nomeadamente em Portugal, essas transformações e as políticas de austeridade produziram alterações significativas ao nível das relações industriais, fomentando diversas ações de protesto. A par da ação dos sindicatos, emergiram vários atores coletivos que se situam no espectro dos movimentos sociais em rede, sublinhando a relevância de respostas coletivas no caso dos trabalhadores precários. Com base em pesquisas empíricas que recorreram à observação participante e a entrevistas em profundidade, neste artigo são apresentados dois estudos de caso, um confederal e outro setorial, que confrontam fatores de cooperação e tensão entre sindicatos e organizações emergentes de trabalhadores precários, no quadro do combate à precariedade laboral imposta pela austeridade. O nosso objetivo é identificar, com base nessas clivagens e aproximações, possíveis caminhos para o fortalecimento da identidade coletiva dos trabalhadores dando especial atenção ao segmento dos precários, pela sua importância enquanto parte integrante da força de trabalho, ao mesmo tempo que é enfatizado o papel dos recursos de poder e das novas tecnologias na emergência de respostas inovadoras.
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Estanque, E., Costa, H. A., Fonseca, D., & Santos, A. (2018). Digitalização e precariedade laboral: novos desafios para o sindicalismo e os movimentos sociais no contexto português. Século XXI – Revista de Ciências Sociais, 8(2), 589. https://doi.org/10.5902/2236672536155
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