Com base na análise conceitual de usos aparentemente consensuais do termo "qualidade" no campo da educação, o presente trabalho discute a validade do que se denomina aqui narrativa instrumental da qualidade em educação. Essa narrativa se assenta na definição de qualidade restrita a determinados resultados obtidos pelos alunos, quanto ao seu rendimento cognitivo, em avaliações de larga escala, e na utilidade e eficiência que porventura tenham esses resultados, em termos estritamente econômicos. Os pressupostos dessa narrativa instrumental se fundam em fins extrínsecos à própria educação escolar, relegando-a à condição de um simples meio para a satisfação de necessidades antes criadas por uma sociedade de consumo do que legitimamente estabelecidas por uma discussão de caráter eminentemente público e político. É como se o valor da escola pudesse ser estimado pela riqueza ou pelo status social que proporciona aos indivíduos ou pelo desenvolvimento econômico que pode acarretar à sociedade, notadamente desigual em relação aos indivíduos e grupos que a compõem. Desse modo, a formação escolar se vê reduzida a atender a certos interesses socialmente valorizados, supostamente capazes de viabilizar as condições para se obterem mais e melhores resultados, alimentando um fluxo sem sentido
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Silva, V. G. da. (2008). A narrativa instrumental da qualidade na educação. Estudos Em Avaliação Educacional, 19(40), 191–221. https://doi.org/10.18222/eae194020082076
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