Objetivo: o presente artigo tem por objetivo revisar a literatura e discutir a questão do erro médico em pacientes hospitalizados, enfocando sua conceituação, incidência, fatores predisponentes e mecanismos de prevenção. Aborda, em especial, erros e eventos adversos com drogas envolvendo recém-nascidos e pacientes pediá- tricos. Métodos: revisão bibliográfica utilizando banco de dados Me- dline, selecionando-se aqueles com informações atuais e relevantes. Resultados: mesmo assumindo que a notificação do erro médi- co não ocorre em um grande número de eventos, é importante notar que sua incidência é muito maior do que julgamos. Só nos EUA, cerca de um milhão de pacientes por ano são vítimas de erros médicos e eventos adversos com drogas. Segundo recente metanálise, esta é, hoje, a quarta causa de morte nos EUA. Em unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica, nas quais é grande a complexidade e a freqüência de procedimentos, a ocorrência de erros é maior. Estima-se que quinze por cento das internações em unidades de terapia intensiva neonatal sejam acompanhadas de erro médico. A maioria destes erros acontece durante o período noturno, e envolve administração incorreta de droga (35%) e erro na interpretação da prescrição (26%). Fatores ambientais (barulho, calor), psicológicos (tédio, ansiedade, estresse) e fisiológicos (fadiga, sono) contribuem para a ocorrência de erros. Recente estudo revela que após um plantão de 24 horas, sem dormir, o desempenho psicomotor de um profissional de saúde é semelhante ao de um indivíduo legalmente bêbado (nível sérico alcoólico maior ou igual a 0,08%)! Conclusões: mesmo em profissionais conscientes, erros são acompanhantes inevitáveis da condição humana. A prevenção de erros deve basear-se na busca de causas reais, que geralmente incluem erros no sistema de organização e implementação do servi- ço. Erros devem ser aceitos como evidência de falha no sistema, e encarados como oportunidade de revisão do processo e aprimora- mento da assistência prestada ao paciente
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Carvalho, M. de, & Vieira, A. A. (2002). Erro médico em pacientes hospitalizados. Jornal de Pediatria, 78(4), 261–268. https://doi.org/10.1590/s0021-75572002000400004
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