A problemática da intervenção no património moderno não coloca questões estruturalmente diferentes das relativas ao património histórico, na medida em que quando nos referimos a matéria patrimonial falamos de um discurso universal com especificidades tipológicas, linguísticas e construtivas próprias de cada época (Costa, 1996, p.197). São as características próprias do património moderno, conceptuais, formais e programáticas, que tornam necessário o estabelecimento de critérios e medidas de intervenção específicas. A tomada de consciência da arquitectura do Movimento Moderno como património é recente, mas nem por isso o debate sobre a sua valorização e conservação é menor.A reflexão sobre a conservação do património arquitectónico do Movimento Moderno promove a oportunidade de reutilizar edifícios que perderam a sua função original, que podem ser material ou tecnicamente obsoletos e que já não cumprem as normas, em permanente actualização (Reichlin, 2011). A reutilização do património moderno corrente parte assim da hipótese que tanto a deterioração como as alterações nos edifícios contêm em si uma necessidade de adaptação aos uso actuais. No entanto, as normativas vigentes relativas à segurança, desempenho energético e conforto ambiental colocam as acções de reuso a par dos requisitos necessários à construção de obra nova, pondo em causa muitas vezes uma recuperação qualificada. Assim, um dos objectivos da recuperação terá de passar pelo encontro de um léxico específico, que considere o carácter do edificado a par com as mutações necessárias à vivência do espaço.Acredito que o projecto de reutilização começa a fazer história e defendo a ideia de que o património se transforma connosco (Reichlin, 2011), portanto, além dos monumentos reconhecidos, os edifícios correntes podem ser um recurso que pede a nossa atenção em termos de qualidade, economia e sustentabilidade (Graf, 2012), representando a maior parte do parque construído. Entendo que a redescoberta do Movimento Moderno, após a reacção pós-moderna, tem vindo a demonstrar a sua legitimidade a longo prazo, como um conceito dotado de uma duradoura longevidade.
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Tostões, A. (2015). Património Moderno: a conservação e a reutilização como um recurso sustentável. Joelho Revista de Cultura Arquitectonica, (6). https://doi.org/10.14195/1647-8681_6_12
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