Judeus no Brasil: explorando os dados censitários

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Introdução Embora tenha crescido o número de traba-lhos sobre a presença judaica no Brasil, ainda falta muito para que tenhamos um amplo panorama histórico. A história da imigração judaica ainda não foi mapeada com a mesma abrangência de outros grupos, como italianos e japoneses, talvez porque envolva dificuldades únicas — afinal, ao contrário da italiana ou japonesa, a imigração judaica partiu de dezenas de países diferentes (Grün, 1999). Para reconstruí-la é necessário compreender o contexto em que judeus viviam em regiões e situações tão diversas como a Europa Central no período entre as duas guerras mundiais e o Oriente Médio depois do aparecimento do Estado de Israel. Por outro lado, devido também a suas caracte-rísticas únicas, judeus formam um dos únicos gru-pos imigrantes sistematicamente pesquisados pelos censos demográficos brasileiros a partir de 1940. Isto se deve à existência da categoria " judeus " na pergunta sobre religião. Diferentemente de muitos países do mundo, o censo brasileiro traz uma pergunta sobre religião, o que nos permite traçar um amplo panorama das transformações religiosas ocorridas no Brasil nos últimos 50 anos (Decol, 1999). No caso específico dos judeus, a existência de informação censitária desde 1940 é uma vanta-gem interessante para o pesquisador interessado em resgatar a sua história. O objetivo deste artigo é investigar algumas características sociodemográficas deste grupo, uti-lizando os dados censitários colhidos pelo IBGE nos censos decenais realizados entre 1940 e 1991. A questão da identidade judaica é assunto amplo demais para ser aqui discutido a fundo. Para a finalidade deste artigo é importante mencionar que os dados obtidos pelos censos demográficos são de natureza auto-identificatória: os entrevistados são convidados a responder qual a religião de cada um dos membros do seu domicílio. Embora a definição de quem é judeu ou não possa ganhar diferentes enfoques, na maior parte dos estudos quantitativos a única definição operacionalmente viável é justamente a autodefinição (Schmelz e DellaPergola, 1992, p. 486n). * Este artigo resume alguns tópicos desenvolvidos em minha tese de doutorado, Imigrações urbanas para o Brasil: o caso dos judeus, defendida no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, em 1999, sob a orientação de Daniel Hogan. Agradeço os comentários dos pareceristas anônimos da RBCS.

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Decol, R. D. (2001). Judeus no Brasil: explorando os dados censitários. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 16(46). https://doi.org/10.1590/s0102-69092001000200008

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