A comunidade científica brasileira, especialmente a comu-nidade médica dedicada à pesquisa científica, se sentiu orgu-lhosa após a publicação de dados recentes sobre a produção brasileira. A CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) revelou um crescimento de 19% na produção científica brasileira no último ano, o que foi impulsio-nado sobretudo por estudos da área médica. Entre 2004 e 2005, o número de artigos publicados em periódicos indexados su-biu de 13.313 para 15.777, números obtidos a partir de dados do ISI (Institute for Scientific Information). Mais impressio-nante é o crescimento nos últimos 5 anos, equivalente a 49%, o que deverá nos colocar na 15ª posição mundial em 3 anos. Há vários motivos para esse crescimento: nossos centros de pesquisa sempre estiveram equipados com material huma-no de altíssimo nível, porém o que sobrava em qualidade faltava em quantidade. Nas duas últimas décadas, o intercâm-bio crescente com centros de pesquisa espalhados pelo mun-do trouxe de volta ao Brasil um sem número de pesquisadores, todos aptos e ávidos para seguir investigando. Mais do que isso, o intercâmbio possibilitou conhecer a estrutura destes centros de pesquisa, que passaram a ser exemplos a serem seguidos. Com o apoio de órgãos voltados ao fomento à pesquisa (e aqui vale a pena ressaltar o papel da FAPESP, exemplo seguido mundialmente), foi mais fácil tornar essa estrutura uma realidade. Com estrutura montada e com material humano de alto nível, a produção científica cresce em PG, uma vez que novos pesquisadores vem se formando, num ciclo virtuoso que torna o país cada vez mais independente de tecnologia e apoio estrangeiros. É lógico que nem tudo é perfeito e que há muito a melhorar. O número de patentes depositadas no país ainda deixa a dese-jar (somos o 27º país nesse quesito), o que indica a necessida-de de dar atenção à repercussão prática dos nossos investi-mentos na área científica. Não basta produzir artigos científi-cos, é fundamental que a pesquisa reverta em benefício para a comunidade que a incentiva: a patente é apenas parte dessa equação. Finalmente, faltou divulgar o impacto científico de nossas pesquisas. Esse impacto é medido pela freqüência com que os artigos aqui produzidos são citados por outros. De novo, não basta publicar um artigo, é importante que esse artigo tenha repercussão, que ele sirva de base para outras pesquisas na mesma área ou em áreas diferentes. De todo modo, isso não tira o mérito dessa conquista da comunidade científica brasileira e só serve de estímulo para que sigamos nos envolvendo com pesquisa em oftalmologia. Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia se orgulham de ser-vir de veículo científico para a Oftalmologia Brasileira há qua-se 70 anos. Esperamos continuar contando com os oftalmolo-gistas brasileiros para tornar o produto de nossa pesquisa acessível a todo o mundo. Editorial 70(4).P65 24/08/07, 18:05 571
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Muccioli, C., Campos, M., Goldchmit, M., Dantas, P. E. C., Bechara, S. J., & Costa, V. P. (2007). A produção científica no Brasil. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 70(4), 571–571. https://doi.org/10.1590/s0004-27492007000400001
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