O principal aqüífero regional da América do Sul, Sistema aqüífero Guarani, é composto principalmen- te das formações psamíticas Pirambóia e Botucatu (Brasil), Misiones (Paraguai e Argentina) e Taquarembó (Uru- guai), com uma espessura máxima de 600m, de idades Triássica e Jurássica. Tais unidades sobrepõem discordante- mente diferentes formações Paleozóicas e são cobertas por basaltos do Cretáceo. O aqüífero não é um conjunto de arenitos homogêneos, mas composto da associação de fácies cujos elementos arquiteturais e geometria permitem subdividi-lo em unidades de fluxo. Estas unidades têm diferentes condutividades hidráulicas e, como conseqüên- cia, um comportamento hidrodinâmico e hidroquímico diferencial. A análise estratigráfica, usando dados do campo e registros de poços exploratórios, permite construir um modelo de sistemas deposicionais e distribuição espacial das propriedades dos reservatórios. O aqüífero é dividido em três unidades de fluxo principais: duna (DU), inter- dunas (ID) e canais (CH); e secundariamente: crevasse (CR), lacustre e planície de inundação (FF). Cada uma tem características faciológicas e distribuição granular que permitem inferir a permeabilidade efetiva. A unidade DU da Formação Botucatu apresenta a condutividade hidráulica média numa ordem de magnitude maior que a unidade interduna da Formação Pirambóia, significando dez vezes o potencial da velocidade do fluxo da água. A unidade interduna úmida, intercalada com a unidade duna, da Formação Pirambóia pode ser considerada um aquitarde. Em afloramentos o topo da fácies interduna representa zona de descarga de água. As distribuições espaciais das unida- des têm um efeito direto na qualidade e no fluxo da água dentro do aqüífero regional.
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Soares, A. P., Soares, P. C., & Holz, M. (2008). Heterogeneidades hidroestratigráficas no Sistema Aqüífero Guarani. Revista Brasileira de Geociências, 38(4), 598–617. https://doi.org/10.25249/0375-7536.2008384598617
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