Com base no referencial sobre campo científico proposto por Bourdieu e na literatura sobre institucionalização de disciplinas e campos mutildisciplinares, o artigo faz uma breve reconstituição da trajetória do campo de Administração Pública no Brasil, considerando aspectos relativos ao contexto, ao texto – conhecimento específico da área – e o papel de mediação entre texto e contexto exercido pelos atores que integram o campo. A reconstituição do passado e do presente mostra que a institucionalização do campo de Administração Pública no Brasil enfrentou uma série de obstáculos e sofreu descontinuidades, sob influência de contextos adversos. E que no passado recente houve condições favoráveis à institucionalização do campo, acompanhadas por uma reconfiguração de sua identidade como um campo multidisciplinar – o Campo de Públicas. Mas o artigo mostra também que essa trajetória foi influenciada pela ação dos integrantes do campo, que interferiram ativamente mediando a relação entre o contexto (adverso ou favorável) e a definição da identidade do campo (a definição do conhecimento específico do campo, seu objeto específico e a forma de estudá-lo). E mostra ainda que esse processo envolveu disputa interna ao próprio campo assim como luta (externa) pela definição de sua identidade e pela preservação do campo. E que, diante de desafios do contexto atual que afetam fortemente a área pública, o futuro depende da interferência de atores do campo. E da capacidade de se identificar, na multiplicidade, uma agenda comum.
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Farah, M. F. S. (2018). Institucionalização do Campo de Administração Pública: reflexões sobre o passado e desafios do futuro. NAU Social, 9(17). https://doi.org/10.9771/ns.v9i17.31431
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