Apresentam-se as relações de campo, petrologia, geoquímica (rocha total) e geocronologia (Sm-Nd, K-Ar) de quatro gerações de diques máficos do Complexo Metamórfico Bonfim Setentrional, parte integrante da crosta siálica neoarqueana do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. A colocação destes diques na crosta ocorreu sob pulsos magmáticos distintos e diacrônicos no tempo. As duas gerações mais antigas (Anfibolitos Paraopeba e Candeias) foram incorporadas ao segmento siálico ainda no Neoarqueano, conforme sugerem as relações geológicas e valores de Nd positivos. Posteriormente os sistemas K-Ar destes diques foram rejuvenescidos durante o Paleoproterozóico. A terceira geração (Metadiabásio Conceição de Itaguá) tem uma idade aparente K-Ar, em hornblendas ígneas relacionada ao Proterozóico. A quarta geração (Diabásio Santa Cruz), ainda não datada radiometricamente, pode estar relacionada ao Fanerozóico. Quimicamente, todas as gerações têm filiação tholeiítica e apresentam características de basaltos intraplaca. Suas composições são compatíveis com basaltos sub-alcalinos (Anfibolito Paraopeba), andesitos (Anfibolito Candeias), basalto alcalino/traquiandesito (Metadiabásio Conceição de Itaguá). A composição química das rochas do Diabásio Santa Cruz é mais variada (basaltos alcalinos a dacitos). As gerações neoarqueanas (Anfibolitos Paraopeba e Candeias) têm um padrão de REE menos fracionado que o padrão do Metadiabásio Conceição de Itaguá e, do mesmo modo, são mais empobrecidas em Ti. Petrologicamente, o magmatismo responsável pêlos protólitos dos Anfibolitos Paraopeba e Candeias evoluiu a partir de uma fonte empobrecida na razão Zr/Ti, do tipo manto empobrecido (N-MORB). Todavia, as altas razões K/P e Sr/Rb do Anfibolito Paraopeba indicam que o seu magmatismo pode ter sofrido contaminação crustal e/ou relacionar-se a uma fonte litosférica. O magmatismo responsável pelas rochas das suítes Metadiabásio Conceição de Itaguá e Diabásio Santa Cruz, de acordo com as razões Zr/Y, derivou-se de uma fonte rica em Ti, correspondendo ao manto enriquecido (P-MORB). A cristalização e a extração de fases minerais com Ti permitiu o aparecimento dos termos mais diferenciados destas suítes. Apesar de não haver datação radiométrica dos Diabásio Santa Cruz, suas texturas vulcânicas/sub-vulcânicas colocam esta geração de diques em épocas mais recentes da evolução crustal da plataforma Brasileira, provavelmente relacionadas aos episódios de magmatismo máfico Mesozóico. Finalmente, a partir dos dados petrológicos, geoquímicos e geocronológicos disponíveis, correlaciona-se a colocação das diferentes gerações de magmatismo fissural básico do Complexo Metamórfico Bonfim Setentrional com os principais eventos tectonomagmáticos que ocorreram, a partir do Neoarqueano, na porção meridional do Cratòn do São Francisco.
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CARNEIRO, M. A., CARVALHO JÚNIOR, I. M. D., & TEIXEIRA, W. (1998). PETROLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DOS DIQUES MÁFICOS DO COMPLEXO METAMÓRFICO BONFIM SETENTRIONAL (QUADRILÁTERO FERRÍFERO) E SUAS IMPLICAÇÕES NA EVOLUÇÃO CRUSTAL DO CRATON DO SÃO FRANCISCO MERIDIONAL. Revista Brasileira de Geociências, 28(1), 29–44. https://doi.org/10.25249/0375-7536.19982944
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