A produção da (des)informação sobre violência: análise de uma prática discriminatória

  • Njaine K
  • Souza E
  • Minayo M
  • et al.
N/ACitations
Citations of this article
14Readers
Mendeley users who have this article in their library.

Abstract

No presente artigo, realiza-se uma reflexão crítica da qualidade da informação sobre violência no Brasil, destacando-se algumas das principais fontes primárias de dados: as Secretarias de Segurança Pública e de Polícia Civil e as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde. O Município do Rio de Janeiro é abordado como um "caso" exemplar nesta análise. Parte-se das hipóteses de que: (a) no processo de produção dessa informação, a geração, sistematização e divulgação são de má qualidade, banalizadas, espetacularizadas e discriminatórias; (b) os dados são tratados como instrumento de domínio privado e não como uma prestação de serviço ao público e refletem uma estrutura institucional autoritária e burocratizada. Constituem-se em (des)informações esvaziadas de significado sócio-político, insuficientes para informar à sociedade sobre a real expressão da violência e para a formulação de políticas públicas. Como conclusão, destaca-se a necessidade de que: 1) as informações sobre os eventos violentos sejam valorizadas desde o seu registro até o seu uso social; 2) os profissionais e as instituições envolvidas com o tema transformem estruturas e mentalidades no sentido de uma ação integrada e consciente do seu papel social; 3) a sociedade se organize e atue em conjunto contra a violência e pela valorização da vida humana.We propose a critical reflection on quality of information concerning violence in Brazil, emphasizing some of the main sources of primary data: Public Law Enforcement Departments, Police, and Municipal and State Secretaries of Health. The city of Rio de Janeiro is taken as a typical "case" in this analysis. The hypotheses are: (a) in the process of producing this information, its generation, systematization, and dissemination are poor quality, thus becoming banal and revealing their discriminatory bias; (b) data are treated as private tools and not as a public service, thus reflecting an authoritarian and bureaucratic institutional structure. They themselves become a form of (mis)information, void of any valid social or political meaning and insufficient to inform society about the real expression of violence and to aid in formulating effective public policies. Conclusions are as follows: 1) that information on violent events be valued from the time it is recorded until it is put to social use: 2) that professionals and institutions dealing with the issue transform structures and ideas with a view towards an integrated and conscious fulfillment of their social roles; and 3) that society organize and work collectively against violence, bolstering the value of human life.

Cite

CITATION STYLE

APA

Njaine, K., Souza, E. R. de, Minayo, M. C. de S., & Assis, S. G. de. (1997). A produção da (des)informação sobre violência: análise de uma prática discriminatória. Cadernos de Saúde Pública, 13(3), 405–414. https://doi.org/10.1590/s0102-311x1997000300016

Register to see more suggestions

Mendeley helps you to discover research relevant for your work.

Already have an account?

Save time finding and organizing research with Mendeley

Sign up for free