Investigar os impactos sobre os trabalhadores do processo de terceirização, que se opera no mundo corporativo, tem sido um desafio importante para as ciências do trabalho e da saúde, especialmente para as organizações. Nesse sentido, objetivou-se nesta pesquisa investigar as fontes de mal-estar no trabalho entre terceirizados em uma Instituição de Ensino Superior brasileira. Considerou-se válidas as respostas de 189 trabalhadores à uma questão aberta do Inventário de Avaliação de Qualidade de Vida no Trabalho (IA_QVT), aplicado por meio de um survey virtual. Utilizou-se o aplicativo IRaMuTeQ, de análise de conteúdo, para o tratamento dos dados e identificou-se os núcleos temáticos estruturadores do discurso dos participantes. Nos resultados, as principais fontes de mal-estar percebidas pelos respondentes foram: (a) tratamento desrespeitoso por parte das outras pessoas e baixo salário; (b) distância casa-trabalho e duração da jornada; e (c) condições de trabalho precárias. A situação é crítica para os terceirizados, que revelam dificuldade de mobilização do coletivo para modificar a realidade. Os achados da pesquisa apontam para a necessidade de intervenção nas causas organizacionais geradoras do mal-estar no trabalho, por meio da formulação de política e de programa de QVT. Eles também fornecem pistas para novos estudos.
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Torres, C. C., Ferreira, M. C., & Ferreira, R. R. (2018). Trabalhadores Descartáveis? Condição de Terceirizado e Mal-Estar no Trabalho. Estudos e Pesquisas Em Psicologia, 16(3), 715–735. https://doi.org/10.12957/epp.2016.31446
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