Examina-se em que medida e em que condições relacionamentos multilaterais podem ser relevantes no contexto de um sistema unipolar e, em particular, em que medida e em que condições esses relacionamentos podem influenciar o comportamento do único pólo do sistema. O artigo começa distinguindo um sistema internacional unipolar de um sistema estritamente hegemônico. A partir daí, identifica como variável-chave do sistema o comportamento de uma Potência Unipolar, e estabelece as bases teóricas desse comportamento, ou seja, sua Grande Estratégia ideal - abstrata, não descritiva -, como parâmetro de avaliação. Em seguida, estabelece as bases teóricas das possibilidades de sustentação dessa Grande Estratégia ideal, ou seja, a Política de Sustentação Grande-Estratégica ideal da Potência Unipolar. Das necessidades intrínsecas de cada uma, decorrem: (a) a análise teórica da utilidade de relacionamentos multilaterais do ponto de vista da Potência Unipolar; (b) a análise teórica do poder de barganha dos demais atores internacionais em face da Potência Unipolar no âmbito desses relacionamentos; (c) a análise teórica da utilidade de aliados críticos, concretos e potenciais para a Potência Unipolar; e (d) a análise teórica do poder de barganha de aliados críticos, concretos e potenciais, em face da Potência Unipolar. Com base nessas quatro análises, estabelecem-se as condições teóricas das variações na relevância desses relacionamentos multilaterais no sistema unipolar, bem como seus limites teóricos. A análise mostrará que, a partir das próprias premissas de alguns autores realistas, e respeitados aqueles limites, relacionamentos multilaterais têm o potencial de serem mais relevantes do que esses autores geralmente consideram, mas não são indispensáveis; desrespeitados aqueles limites, podem se tornar irrelevantes.The article focus on how relevant, and under what conditions, multilateral relationships are in unipolar systems and, more specifically, if those can change the behavior of the sole pole of the system. First, we distinguish unipolar from strictly hegemonic systems. Then, the behavior of that single pole is established as the crucial parameter of international politics in any unipolar system. After that, the article establishes: the theoretical Grand-Strategic Goals of a Unipolar Power; the theoretical Grand Strategy of any Unipolar Power - which would enable it to achieve those Grand-Strategic Goals; and the theoretical Policy of Grand-Strategic Support - that addresses the means by which to carry that Grand Strategy. This will enable us to address four questions: (a) what is the utility (in the economist’s sense) of multilateral relationships from the point-of-view of a Unipolar Power; (b) what is the bargaining power vis-à-vis the Unipolar Power of the many international actors that are part of those relationships; (c) what is the utility of critical allies to a Unipolar Power; (d) the bargaining power of those critical allies vis-à-vis a Unipolar Power. Knowing this, not only a unipolar power might better assess its own behavior and options, but other international actors might better calibrate if, when and how they might resist some policy options by a unipolar power, should they want to.
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Diniz, E. (2006). Relacionamentos multilaterais na unipolaridade: uma discussão teórica realista. Contexto Internacional, 28(2), 505–565. https://doi.org/10.1590/s0102-85292006000200005
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