OBJETIVO: Compreender como enfermeiras da Estratégia Saúde da Família vivem a superposição de atribuições e construção da autonomia técnica. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Pesquisa qualitativa realizada com 22 enfermeiras em Recife, PE, entre agosto de 2005 e novembro de 2006. A partir de avaliação da gerência (acesso geográfico, conflitos na equipe, entre equipe e distrito, entre equipe e comunidade e violência pública na área), em cada um dos seis distritos sanitários foram selecionadas quatro equipes. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas. Os principais temas no roteiro referiram-se a expectativas e relevância do trabalho, organização e processo de trabalho e sentimentos sobre as práticas. Os resultados foram interpretados sob a perspectiva do burnout. ANÁLISE DOS RESULTADOS: Foi recorrente a opinião das enfermeiras sobre número excessivo de famílias, suporte organizacional insuficiente e pressões advindas de demandas insatisfeitas dos usuários. A sobreposição de assistência e administração provocou sobrecarga, gerando ansiedade, impotência, frustração e sentimento de ser injustiçada na divisão de tarefas na equipe. A dimensão clínica da prática motivou insegurança de natureza técnica e ética, além de satisfação pelo poder e prestígio conquistados pela categoria profissional. A formação médica especializada representou um obstáculo para concretizar a interdependência da autonomia e responsabilidade. Foram relatados estresse, insatisfação, adoecimento físico e mental, reconhecimento da relevância do trabalho e importância do próprio desempenho e baixo envolvimento laboral. CONCLUSÕES: Diante da falta de expectativa de mudanças em curto prazo, a sobreposição de baixa realização profissional e esgotamento provocam atitudes negativas, indicando a importância da promoção da saúde para ampliar a possibilidade de interferência e mudança nas condições de trabalho.OBJECTIVE: To understand how Estratégia Saúde da Família (Family Health Strategy) nurses experience the overlapping of duties and building of technical autonomy. METHODOLOGICAL PROCEDURES: This was a qualitative study performed with 22 nurses, in the city of Recife, Northeastern Brazil, between August 2005 and November 2006. Based on management evaluation (geographic access; conflicts in the team, between team and district and between team and community; and public violence in the area), four teams were selected in each of the six health districts. Semi-structured interviews were conducted. The main themes in the interview guide were about work expectations and relevance, its organization and process, and feelings towards these practices. The results were interpreted under the perspective of burnout. ANALYSIS OF RESULTS: The nurses' opinion on the excessive number of families, insufficient organizational support and pressures from user demands that had not been met was recurrent. Overlapping of health care and management caused work overload, creating anxiety, impotence, frustration and the feeling of being treated unfairly when tasks were divided among team members. The clinical dimension of practice led to a feeling of insecurity of a technical and ethical nature, in addition to the satisfaction for the power and prestige achieved by the professional category. Specialized medical training represented an obstacle to autonomy and responsibility becoming interdependent. Stress, dissatisfaction, becoming physically and mentally ill, recognition of the relevance of work and importance of one's performance, and low work involvement were reported. CONCLUSIONS: In view of the lack of expectation of changes in the short term, the overlapping of low professional satisfaction and work overload causes negative attitudes, indicating the importance of health promotion to increase the possibility of influencing and changing work conditions.OBJETIVO: Comprender como enfermeras de la Estrategia Salud de la Familia viven la sobreposición de atribuciones y construcción de la autonomía técnica. PROCEDIMIENTOS METODOLÓGICOS: Investigación cualitativa realizada con 22 enfermeras en Recife, en noreste de Brasil, entre agosto de 2005 y noviembre de 2006. A partir de evaluación de la gerencia (acceso geográfico, conflictos en el equipo, entre equipo y distrito, entre equipo y comunidad y violencia pública en el área), en cada uno de los seis distritos sanitarios fueron seleccionados cuatro equipos. Fueron realizadas entrevistas semi-estructuradas. Los principales temas en la guía se referían a expectativas y relevancia del trabajo, organización y proceso de trabajo y sentimientos sobre las prácticas. Los resultados fueron interpretados bajo la perspectiva del burnout. ANÁLISIS DE LOS RESULTADOS: Fue recurrente la opinión de las enfermeras sobre número excesivo de familias, soporte organizacional insuficiente y presiones advenidas de demandas insatisfechas de los usuarios. La sobreposición de asistencia y administración provocó sobrecarga, generando ansiedad, impotencia, frustración y sentimiento de ser agraviada en la división de tareas en el equipo. La dimensión clínica de la práctica motivó inseguridad de naturaleza técnica y ética, además de satisfacción por el poder y prestigio conquistados por la categoría profesional. La formación médica especializada representó un obstáculo para concretar la interdependencia de la autonomía y responsabilidad. Fueron relatados estrés, insatisfacción, enfermedad física y mental, reconocimiento de la relevancia del trabajo e importancia del propio desempeño y bajo envolvimiento laboral. CONCLUSIONES: Frente a la falta de expectativa de cambios a corto plazo, la sobreposición de baja realización profesional y agotamiento provocan actitudes negativas, indicando la importancia de la promoción de la salud para ampliar la posibilidad de interferencia y cambio en las condiciones de trabajo.
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Feliciano, K. V. de O., Kovacs, M. H., & Sarinho, S. W. (2010). Superposição de atribuições e autonomia técnica entre enfermeiras da Estratégia Saúde da Família. Revista de Saúde Pública, 44(3), 520–527. https://doi.org/10.1590/s0034-89102010005000011
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