O cotidiano e o habitar de crianças e adolescentes em acolhimento institucional em abrigo pode apresentar características de um desenraizamento étnico e ético. Assim, prover condições de vida em abrigos de forma a oferecer proteção, cuidado e oportunidades de desenvolvimento para seus moradores tem sido um desafio permanente para as políticas de cuidado substituto no Brasil. O artigo apresenta uma reflexão crítica, de caráter histórico e conceitual, na tentativa de se construir um olhar múltiplo e complexo sobre a temática. Partindo-se do princípio de que estes modos de vida são atravessados por processos históricos, sociais e políticos, o artigo apresenta uma contextualização histórica da institucionalização das crianças no Brasil, uma reflexão sobre a implementação da medida de proteção de abrigo pós-ECA e discute sobre os dilemas e desafios para o acolhimento familiar e institucional e para a escuta e a atenção às necessidades das crianças e adolescentes. Por último, apresenta uma reflexão sobre os norteadores conceituais e metodológicos a serem utilizados na produção de saberes e de tecnologias sociais, defendendo o uso dos conceitos de habitar e cotidiano que remetem à processualidade do viver no mundo e provocam a reflexão sobre a autonomia e a participação. Partindo de uma dimensão de alteridade, em que se considera a vivência e o olhar do outro, acreditamos que ações mais efetivas e produtoras de morada e habitar possam vir a acontecer nos abrigos para crianças e adolescente.
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Luvizaro, N. A., & Galheigo, S. M. (2011). Considerações sobre o cotidiano e o habitar de crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional em abrigo. Revista de Terapia Ocupacional Da Universidade de São Paulo, 22(2). https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v22i2p191-199
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