OBJETIVO: Descrever o uso de substâncias, a soroprevalência e a presença de situações de risco para infecção por HIV em indivíduos que buscaram testagem sorológica em um centro municipal e em um centro estadual de testagem e aconselhamento na Cidade de Porto Alegre (RS), Brasil. MÉTODO: Através de um delineamento transversal, foi obtida uma amostra de conveniência de 1 026 homens e mulheres com idade entre 15 e 60 anos. Foram incluídos todos os indivíduos que, após uma triagem inicial, descreviam qualquer uso de droga ou qualquer comportamento ou situação de risco para a transmissão do HIV. Para avaliar a exposição a situações de risco, utilizou-se o questionário de comportamento de risco para AIDS, uma versão do risk assessment battery (RAB) traduzida para o português brasileiro. As amostras de sangue foram testadas para anticorpos anti-HIV usando o método imunoenzimático (ELISA). Antes do exame, cada indivíduo participava de uma sessão de aconselhamento em grupo (máximo de 20 participantes) sobre HIV e AIDS, de acordo com os critérios do Ministério da Saúde do Brasil. RESULTADOS: A taxa de soropositividade para a amostra em geral foi alta, de 15,1 por cento. O uso de substâncias não explicou toda a exposição ao risco; o uso de drogas injetáveis ao longo da vida, apesar de apresentar uma razão de chances (OR) de 7,6 (IC95 por cento = 4,4 a 13,0) para soropositividade, esteve presente em apenas 10,3 por cento das respostas. Gênero masculino (OR = 1,8; IC95 por cento = 1,1 a 2,8), renda familiar inferior a 3 salários mínimos por mês (OR = 2,1; IC95 por cento = 1,3 a 3,5), idade acima de 25 anos (OR = 1,7; IC95 por cento = 1,1 a 2,7) e ter tido relação sexual com possível indivíduo soropositivo (OR = 1,8; IC95 por cento = 1,1 a 3,2) estiveram associados com soropositividade. CONCLUSÕES: Mesmo o uso não regular ou sistemático de substâncias, em especial sob forma endovenosa, aumenta as chances de soropositividade. A transmissão sexual teve um papel importante na soropositividade nesta amostra, indicando que a diminuição do senso crítico pelo uso de drogas pode comprometer a avaliação de situações de risco e contribuir para a transmissão do HIV. (AU)
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Pechansky, F., Kessler, F., Von Diemen, L., Inciardi, J. A., & Surratt, H. (2005). Uso de substâncias, situações de risco e soroprevalência em indivíduos que buscam testagem gratuita para HIV em Porto Alegre, Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, 18(4–5), 249–255. https://doi.org/10.1590/s1020-49892005000900004
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