O objetivo deste artigo é analisar a inter-relação entre “raça”, gênero e desejo erótico “inter-racial” na África do Sul, a partir do estudo de alguns casos enquadrados na Immorality Act – lei que proibia o intercurso carnal “inter-racial” na era do apartheid. Na África do Sul os relacionamentos afetivo-sexuais “inter- raciais” foram regulados (e organizados) explicitamente por uma legislação específica, constituída sob a lógica de uma razão de Estado. Meu objetivo é ajustar o foco para a percepção de “raça” que preside esse empreendimento, assim como dar visibilidade à importância das assimetrias de gênero e do desejo erótico “inter-racial”, que surgem no centro do palco das proibições fundantes do regime do apartheid. Olhar contrastivamente para a África do Sul permitirá, ao final da análise, entrever alguns pontos cegos da ideologia brasileira no que tange às questão relativas à “raça”, ao gênero e à sexualidade.
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Moutinho, L. (2004). Condenados pelo desejo? Razões de estado na África do Sul. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 19(56), 95–112. https://doi.org/10.1590/s0102-69092004000300007
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