Este trabalho propõe revisitar um debate que os praticantes da classical scholarship consideram especialmente significativo em sua área de atuação: as discussões travadas na segunda metade do século XX sobre a natureza da economia greco-romana antiga e sobre as formas adequadas de abordá-la. Estruturado em torno de pares de opostos teóricos (“primitivistas” versus “modernistas”, oposição principal que se desdobra em uma série de antagonismos homólogos), o debate é sucessivamente invocado pelos debatedores como armadilha conceitual, como obstáculo ao avanço das pesquisas de história econômica antiga. Em diálogo com a literatura sobre controvérsias científicas e filosóficas, analisam-se aqui os expedientes que imprimem ao debate uma sócio-lógica própria e instauram as condições de sua reprodução. Argumentarei que a fixação de uma dicotomia fundadora opera como elemento catalisador da “controvérsia do oikos” e condena toda e qualquer tentativa expressa de superação da dicotomia a uma assimilação ritual a uma das partes “originárias” da disputa. Os dados para análise serão construídos pelo exame de textos publicados de historiografia econômica referente à Antiguidade Clássica e de cartas trocadas entre os debatedores.
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Palmeira, M. S. (2018). “A Economia Antiga é um Campo de Batalha”: história social de uma controvérsia erudita. Política & Sociedade, 17(38), 340–372. https://doi.org/10.5007/2175-7984.2018v17n38p340
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