RESUMO Introdução Considerando a prevalência dos transtornos mentais, é essencial que qualquer médico seja capaz de prestar assistência qualificada e humanizada a pessoas em sofrimento psíquico. No entanto, o usual estigma e a falta de conhecimento no manejo das doenças mentais por parte dos médicos podem representar uma barreira de acesso e ineficiência importante enfrentada pelos pacientes no sistema de saúde. Objetivo Estimar o ganho de aprendizado percebido e a redução de estigma em relação a pessoas portadoras de esquizofrenia por estudantes de Medicina após a exposição ao estágio obrigatório no internato numa escola médica pública no Distrito Federal. Método Estudo quasi-experimental para avaliação de impacto de programa educacional durante o internato médico em saúde mental. A amostra consistiu em 35 estudantes do último ano do curso de Medicina. Foram aplicados questionários para aferição do grau e tipificação do estigma em relação à esquizofrenia e à autopercepção sobre manejo de medicamentos e sobre tratamento de doenças psiquiátricas. Os instrumentos utilizaram uma escala do tipo Likert de três pontos para aferição dos resultados. Os questionários foram aplicados imediatamente antes e após a exposição ao programa educacional, que teve duração de quatro semanas. Os valores médios de autopercepção e estigma foram comparados entre os dois momentos empregando-se o teste t de Student emparelhado. Resultados Não houve mudança significativa do grau de estigmatização nas dimensões avaliadas (estereótipo total, p = .230; preconceito percebido, p = .172; distância social, p = .209; direitos civis, p = .837). Quanto à autopercepção de conhecimento, os valores médios do número de resposta igual a 3 e a soma no momento pós- são significativamente maiores que no momento pré- (p = .007 e p < .0001, respectivamente). Os ganhos não se mostraram associados significativamente com as variáveis demográficas. Conclusão A despeito do ganho em conhecimento, a imersão em saúde mental no internato do curso de Medicina ao longo de quatro semanas não se mostrou eficaz para mudança no estigma. É possível que a curta duração da intervenção implique contato insuficiente com o portador de doença mental para redução do estigma. Sugerimos a realização de novos trabalhos com ampliação da amostra e com desenhos experimentais.ABSTRACT Introduction Considering the high prevalence of mental illnesses, it is essential for any physician to offer proper treatment and attention to people with these disorders. Nevertheless, the usual stigma and lack of knowledge regarding the management of mental disorders on the part of physicians can represent a significant barrier to treatment and inefficiency faced by patients in the health care system. Objective This study aimed to measure the gain of psychiatric knowledge and the reduction in the stigmatization of people with schizophrenia by medical students after exposure to the compulsory internship program at a public medical school in the Federal District. Methods Quasi-experimental study to evaluate the impact of the training program during medical internship in the final year of undergraduate medical training. The sample was 35 final-year medical students. Questionnaires were applied to measure the degree and type of stigma in relation to schizophrenia and self-perception regarding the drug management and treatment of psychiatric diseases. A three-point Likert scale was used to measure the results. The questionnaires were applied immediately before and after exposure to the four-week training program. The medical values of self-perception and stigma were compared between two moments using the Student’s t test. Results: There was no statistically significant difference found between stigmatization before and after the intervention (total stereotype, p = 0.230; perceived prejudice, p = 0.172; social distance, p = 0.209; civil rights, p = 0.837). Regarding self-perception of knowledge, the number of items reaching total confidence and the mean values after the training were significantly improved (p = 0.007 and p < 0.0001, respectively). There was no correlation with sociodemographic characteristics. Conclusion Despite the knowledge gain, medical students failed to show any improvement in the degree of stigma held after immersion in a 4-week practical psychiatric training program. The short duration of the intervention might have meant that the students’ contact with patients was insufficient to reduce stigma. More studies are needed with larger groups and experimental designs.
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Araújo, G. de O., Ramos, M. M. F., Suarte, A. P. de M. M., Coutinho, L. G., Braga, B. V., & Blanco-Vieira, T. (2019). Ganho de Conhecimento no Internato Médico em Psiquiatria Não Reduz Estigmatização dos Transtornos Mentais. Revista Brasileira de Educação Médica, 43(1 suppl 1), 424–430. https://doi.org/10.1590/1981-5271v43suplemento1-20180277
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