RESUMOO objetivo deste estudo é propor, a partir de uma epistemologia crítica do concreto (ECC), um procedimento metodológico que explicite os três momentos fundamentais de toda a pesquisa orientada por tal epistemologia. Não se trata de um roteiro a ser seguido, mas de uma reflexão sobre a forma processual de ação do pesquisador que tem a finalidade de orientá-lo em sua prática de maneira que ele possa compreendê- la. A pesquisa não se realiza de forma automática, direta e simples. Toda a pesquisa comporta momentos distintos, porém integrados, em seu processo de realização. Tais momentos não se reduzem a contatos e tampouco à quantidade de vezes em que o sujeito pesquisador estabelece relações com o objeto de sua pesquisa, mas às formas como essas relações se desenvolvem e se transformam. São, de fato, momentos caracteristicamente distintos e integrados de apropriação do real pelo pensamento a partir do real. Cada momento da pesquisa é constituído de um conjunto de ações interativas entre o pesquisador e o seu objeto, e não há uma sucessão predefinida de eventos tais que de um momento a outro haja uma passagem linear, natural e automática. O pesquisador evolui de um momento a outro quando supera as limitações de cada momento anterior, porém não de forma sucessiva, pois não existe qualquer garantia de que, a partir das ações interativas do sujeito pesquisador com o objeto, não haja necessidade de se voltar ao entendimento de determinados elementos constitutivos da fase anterior. A proposição dos três momentos da pesquisa em uma ECC para os estudos organizacionais procura sugerir que toda a pesquisa, nessa dimensão, é um processo que tem o real como primazia e que a relação do sujeito pesquisador com o concreto não é direta, imediata, simples e definitiva. Há um ir e vir necessário entre o sujeito e a realidade estudada para que ele possa apreendê-la em sua totalidade cognoscível e, portanto, em sua essência dinâmica e contraditória, e não apenas em sua aparência fenomênica.RESUMENEl objetivo de este estudio es proponer, desde una epistemología crítica de lo concreto (ECC), un procedimiento metodológico que explique los tres momentos fundamentales de toda la investigación orientada por esta epistemología. No se trata de un guión que deba ser seguido, mas de una reflexión sobre la forma de proceder del investigador que tiene la finalidad de orientarlo en su práctica de manera que pueda comprenderla. La investigación no tiene lugar automáticamente, de forma simple y directa. Toda la investigación implica diferentes momentos, pero integrados, en su proceso de realización. Esos momentos no se reducen a los contactos o a la cantidad de veces que el sujeto investigador establece relaciones con el objeto de su investigación, pero indican las formas en que esas relaciones se desarrollan y se transforman. Son, de hecho, momentos característicamente distintos e integrados de apropiación de lo real por el pensamiento a partir de lo real. Cada momento de la investigación consiste en un conjunto de acciones interactivas entre el investigador y su objeto y no hay eventos predefinidos en una sucesión tal que de un momento a otro ocurra un pasaje natural, automático y lineal. El investigador se desarrolla de un momento a otro cuando supera las limitaciones de cada fase anterior, pero no de forma sucesiva, porque no hay ninguna garantía de que, partiendo de las acciones interactivas entre el investigador y el objeto, no se haga necesario volver a la comprensión de ciertos elementos constitutivos de la fase anterior. La propuesta de los tres momentos de la investigación en una ECC para estudios organizacionales trata de sugerir que toda la investigación, en esa dimensión, es un proceso que tiene lo real como primacía y que la relación del investigador con lo concreto no es directa, inmediata, sencilla y definitiva. Hay una necesidad de ir y venir entre el sujeto y la realidad estudiada para que él pueda comprenderla en su totalidad cognoscible y, por tanto, en su esencia dinámica y contradictoria y no sólo en su aspecto fenoménico.ABSTRACTThe aim of this study is to propose, from a critical epistemology of concrete – CEC approach, a methodological procedure that explicitly states the three fundamental phases of all research conducted within this epistemology. This is not a blueprint to be followed, but a reflection of researchers’ procedural actions, guiding them in their practice towards understanding it. The research does not take shape in an automatic, simple and direct manner. All the research involves distinct moments, although integrated in its process of accomplishment. Such moments can not to be reduced to the contacts or on the amount of times the researcher establishes relations with the object of his investigation. They also take into account the ways in which these relationships develop and are changed. They are, in fact, characteristically distinct and integrated moments of appropriation of the concrete by integrated thinking from the real. Every moment of the research consists of a set of interactive actions between the researcher and his/her object. There is no predefined succession of events in such a way that, from one moment to another, there is a natural, automatic and linear passage between those moments. The researcher evolves from one moment to another when he/she overcomes the limitations of each previous moment, but not in a linear manner,once there is no guarantee that, from the interactive actions between the researcher and his/her object, going back to the understanding of certain constituent elements of the previous phase is not needed. The proposition of these three research phases in a CEC approach for organizational studies suggests that all research, in this dimension, is a process that has the concrete as primacy and that the researchers’ relationships with the concrete is not direct, immediate, simple and definitive. It is necessary a two-way procedure between the researchers and the phenomenon that they are studying, so that they may learn it in its knowable totality and, therefore, in its dynamic and contradictory essence, and not only in its phenomenal appearance.
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FARIA, J. H. D. (2015). EPISTEMOLOGIA CRÍTICA DO CONCRETO E MOMENTOS DA PESQUISA: UMA PROPOSIÇÃO PARA OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS. RAM. Revista de Administração Mackenzie, 16(5), 15–40. https://doi.org/10.1590/1678-69712015/administracao.v16n5p15-40
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