Pestilências: velhos fantasmas, novas cadeias

  • Carvalheiro J
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Abstract

São discutidos diversos aspectos relacionados com a Epidemiologia e o Controle de Doenças que, pela natureza de seus processos endemo-epidêmicos, tomaram-se grandes "fantasmas" que assolaram a humanidade durante séculos-as "pestilências". Relaciona-se seus res-pectivos processos com a história da humanidade, a organização das medidas e as próprias técnicas de combate. Mencionam-se os fantasmas do passado representados, fundamental¬ mente, pelas Doenças Quarentenáveis e o seu ressurgimento no mundo atual. Discute-se a emergência de novos fantasmas que assolam a humanidade: doenças crônico-degenerativas, violência e trauma, AIDS. Defende-se a idéia de que sao alterações da estrutura epidemiológica que devem ser buscadas para explicar as mudanças de perfil epidemiológico, em particular os processos endemo-epidêmicos das pestilências. Neste sentido, os velhos fantasmas, quando ressurgem o fazem com características e estruturas epidemiológicas mudadas. Velhos Fantasmas "Um espectro ronda a Europa-o espectro do comunismo". A mordacidade com que Marx e Engels(1) iniciam o "Manifesto Comu-nista" faz pensar num outro espectro que, na mesma época, meados do sé-culo XIX, de fato rondava a Europa: o espectro do cólera. Ambos espectros mereceram atenção cuidadosa de inteligências cintilantes. A respeito de am-bos foram produzidas obras de argúcia tão grande que se tornaram clássicos, reeditados até hoje em praticamente todas as línguas conhecidas. O já refe-rido "Manifesto Comunista" teve sua primeira edição em fevereiro de 1848. "Sobre a Maneira de Transmissão do Cólera", de John Snow (2), em agosto de 1849. Quase 150 anos passados, os mesmos espectros rondam novamente o mundo. O comunismo, na descendente; o cólera, em maré montante. A crise do socialismo real, com o esfacelamento da URSS, transformada numa Desu-nião de Repúblicas Socialistas Soviéticas, desvia o eixo do poder mundial.

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Carvalheiro, J. da R. (1992). Pestilências: velhos fantasmas, novas cadeias. Saúde e Sociedade, 1(1), 25–42. https://doi.org/10.1590/s0104-12901992000100005

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