A identificação e notificação de casos de violência contra crianças e adolescentes ainda é um desafio para o setor saúde, apesar dos instrumentos de regulamentação estabelecidos na legislação brasileira para atuação nesses casos. Em função disso, o presente estudo objetivou caracterizar a percepção de profissionais de saúde sobre violência contra crianças e adolescentes e suas dificuldades para o manejo desse fenômeno. Foi realizado um estudo descritivo e transversal com 72 profissionais de saúde da atenção básica do município de Belém-Pará-Brasil. Dos participantes do estudo, 59 eram do sexo feminino (81,94%), com média de idade de 41,70 anos (±11,73), sem diferença segundo o sexo (p=0,135). As principais categorias profissionais entrevistadas foram da enfermagem (34,72%) e medicina (27,88%). Em relação aos tipos de violência a negligência foi percebida por 60,74% dos profissionais, todavia somente 19,05% desses relataram tê-la notificado. A violência sexual foi a menos referida (24,14%), porém a mais notificada (50,00%). A violência física foi notificada por 39,47% dos profissionais que a identificaram e a violência psicológica, por 34,88%. Em relação à ficha de notificação, 50,00% dos participantes disseram não conhecê-la e 86,11% nunca a utilizaram. Não foi observada associação entre sofrer violência na infância e identificação dos casos (p=0,1723). Os resultados sugerem que há necessidade de capacitação permanente e de condições instrumentais adequadas para fortalecer a atuação dos profissionais de saúde a superarem os desafios que a intervenção em casos de violência exige.
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Veloso, M. M. X., Magalhães, C. M. C., & Cabral, I. R. (2017). Identificação e notificação de violência contra crianças e adolescentes: limites e possibilidades de atuação de profissionais de saúde. Mudanças - Psicologia Da Saúde, 25(1), 1. https://doi.org/10.15603/2176-1019/mud.v25n1p1-8
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