Reconhecimento, desreconhecimento e demarcação simbólica: uma contribuição conceitual à análise do lado negativo do reconhecimento

  • Souza L
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Resumo O presente artigo tem por objetivo central esboçar uma discussão teórica a respeito de relações de demarcação e hierarquização simbólicas que poderiam ser descritas por meio da categoria analítica de desreconhecimento. Este conceito, que será apresentado em relação aos recentes debates sobre a teoria do reconhecimento, conforme formulada por Axel Honneth, e sobre o lado negativo das relações de reconhecimento, visa explicitar formas de exercício do poder por meio das quais grupos privilegiados denegam a outros grupos ou indivíduos a possibilidade de participar em condições de igualdade das esferas institucionais de reconhecimento que legitimam as sociedades modernas. Neste sentido, as práticas e discursos de desreconhecimento representam uma negação intencional ou uma tentativa de solapar a aplicação dos princípios implícitos do liberalismo democrático e universalista, conforme pressuposto na tradição teórica do reconhecimento. Particular atenção será dada a dois casos de corrosão das normas implícitas de reconhecimento: em primeiro lugar, serão expostas formas de animosidade que buscam justificar estas práticas por meio do recurso à constituição de um imaginário sobre grupos diferentes, assim atribuindo a estes últimos certas características negativas; em segundo lugar, serão trabalhados alguns exemplos da tradição do pensamento social brasileiro e de um eventual aguçamento das tensões políticas e de suas consequências para as tentativas de demarcação simbólica observadas no país.Abstract The aim of this article is to prospectively review forms of symbolic demarcation based on the analytical category of derecognition. in Axel Honneth's theory of recognition but departs significantly from it. Thanks to this movement, it will be able to pay attention to the often overlooked dimension of negative relations of recognition, in which privileged groups or individuals manage to exert social power over other groups or individuals, whose social position is weaker, thus impeding these latter totake part on the symbolic spheres of recognition, which build up modern societies. Accordingly, such practices of symbolic demarcation of social barriers will be exposed as tendencies towards the undermining of the normative core of modernity (namely, its principles of equality and participation). Two cases will be exposed at length, in order to make the situation understandable: the problem of group stereotyping through group-focused animosity and the problem of second-class citizenship in Brazil.

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Souza, L. G. da C. de. (2018). Reconhecimento, desreconhecimento e demarcação simbólica: uma contribuição conceitual à análise do lado negativo do reconhecimento. Sociologias, 20(49), 294–317. https://doi.org/10.1590/15174522-02004912

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