Abstract
A depressão resistente continua sendo um grande desafio para a psiquiatria. A literatura atual demonstra que 30% a 40% dos pacientes deprimidos não respondem ao tratamento com antidepressivos, mesmo em uso de doses e duração adequadas 1,2 , 60% a 70% não con-seguem atingir remissão completa 3 , mais de 20% não se recuperam após dois tratamentos 4 e 10% continuam deprimidos apesar de múltiplas intervenções 5. Esses dados indicam a importância da busca de novas alternativas de tratamento, já que apenas pequeno número dos pacientes tratados atinge remissão. Além disso, a remissão parcial de episódios depressivos está relacionada a um pior prognóstico. Os sintomas residuais estão associados a maior risco de recaída 7 , à presença de sintomas físicos 6 e a prejuízo do funcionamento social 4. Assim, a remissão deve ser a meta do tratamento, pois somente livre de sintomas o paciente conseguirá recuperar seu funcionamento pré-mórbido. A identificação de características comuns aos pacientes que não respondem aos tratamen-tos com antidepressivos é dificultada pela multiplicidade de definições de resistência. Da mesma forma, não há definição adequada em relação à dose, à titulação e à duração do tra-tamento. A ausência de um modelo de estadiamento universalmente aceito que descreva adequadamente a falha ao tratamento e grau de resistência leva a inúmeras variações nas definições de depressão refratária, com consequente dificuldade no estabelecimento de uma proposta de algoritmo para essa condição. Berlim e Turecki 8 , em revisão recente sobre definições e critérios de depressão refratária, demonstraram a falta de consenso na literatura no que diz respeito à definição da síndrome depressiva e à responsividade ao tratamento. Até hoje mais de 15 definições de depressão refratária já foram propostas 5. A literatura tende a ver a resistência ao tratamento ocorrer ao longo de um continuum, isto é, desde a ausência de resposta a uma classe de antidepressivo até a falha de resposta a diferentes classes e a eletroconvulsoterapia. Nierenberg et al. 9 propuseram um modelo no qual a de-pressão resistente seria um episódio de depressão maior que persiste apesar de qualquer tratamento com antidepressivos, em dose e tempo de duração adequados; nesse modelo o número de tratamentos malsucedidos é usado para medir o grau de resistência do qua-dro. A classificação de Thase e Rush 2 propõe um modelo hierárquico, com cinco estágios de resistência, que variam desde resistência a um único antidepressivo (estágio I) até resis-tência a diferentes classes de antidepressivos e a eletroconvulsoterapia bilateral (estágio V). OS 8649 J Bras Psiq 58_2.indd 73 23/07/2009 16:36:56
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Sarin, L. M., & Del Porto, J. A. (2009). Antipsicóticos atípicos na depressão refratária. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 58(2), 73–78. https://doi.org/10.1590/s0047-20852009000200001
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