Durante muito tempo, a história foi etnocêntrica. Hoje em dia os his-toriadores da Europa continuam manifestando pouca curiosidade pelo passado e pela historiografia que excedem as fronteiras de sua própria na-ção. Quanto aos especialistas da história mundial, tenderam a elaborar a sua visão do mundo a partir da Europa ocidental ou a partir de problemá-ticas que provinham da história deste continente. Por isso, na Europa e sobretudo na França costumamos distinguir os americanistas e os historia-dores com "h" maiúsculo. Os primeiros dedicam-se à história da América enquanto os outros são os especialistas da história da França ou da Europa ocidental. Em face desse conservadorismo europeu e francês, a denúncia do europocentrismo tornou-se muito comum nos Estados Unidos. Desde os anos de 1980, nas universidades deste país, os cultural studies e os postcolonial studies multiplicaram as críticas contra o europocentrismo da história e das ciências sociais em geral. Denunciavam uma história que só seria a proje-ção do Ocidente, das suas categorias e das suas ambições sobre o resto do mundo. A história comparada Para limitar o etnocentrismo e ampliar os nossos horizontes, a histó-ria comparada pareceu uma alternativa possível. Mas as perspectivas que propõe podem ser enganosas. A seleção dos objetos que têm de ser compa-rados, dos quadros e dos critérios, as perguntas, os mesmos modelos de interpretação, continuam sendo tributárias de filosofias ou de teorias da história que muitas vezes já contêm as respostas às questões do pesquisa-Topoi, Rio de Janeiro, mar. 2001, pp. 175-195.
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Gruzinski, S. (2001). Os mundos misturados da monarquia católica e outras connected histories. Topoi (Rio de Janeiro), 2(2), 175–196. https://doi.org/10.1590/2237-101x002002007
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