A trajetória dos espaços de cultivo urbano faz parte da história da Alemanha. No cenário europeu, o movimento de hortas urbanas teve seu ímpeto no século XIX, quando os trabalhadores rurais se aglomeraram nas cidades industriais, e sua existência foi, durante muito tempo, um repositório de ideias sobre reforma social, melhoria higiênica e mobilidade de classe. Os locais que passaram a ser ocupados por associações e por moradores urbanos que viviam em situação precária de moradias ficaram conhecidos como Kleingärten (pequenas hortas) e surgem como resposta à urbanização e ao afastamento do contato com a natureza e aparecem em escritos e discursos sanitaristas e de naturopatia presentes naquele contexto. Tais práticas de agricultura passam a fazer parte do cotidiano em diversas cidades alemãs, especialmente no século XX, adquirindo outras variações e nomenclaturas. Assim, os Kleingärten nos auxiliam na compreensão das transformações operadas no espaço urbano alemão, onde a continuidade de práticas de agricultura é fator socioambiental que adquire distintos significados ao longo do tempo. Logo, perceber como as interações entre a natureza e a urbanização se operam em contextos como a industrialização e os conflitos bélicos, chegando até os dias atuais – quando se acirram os debates sobre ecologia, preservação ambiental e sustentabilidade – permite-nos olhar as cidades sob o viés ambiental, assim como chamar a atenção para o lugar da natureza nas cidades, sendo esse um tema de intenso debate e pesquisa em história ambiental e urbana.
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Lima, A. B. (2019). A trajetória histórica dos espaços de cultivo urbano na Alemanha: Interações e embates entre a urbanização e a natureza (do séc. XIX ao XX). HISTÓRIA UNICAP, 6(12), 274–291. https://doi.org/10.25247/hu.2019.v6n12.p274-290
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